Hoje é o Dia Internacional da Mulher. A data tem origem nas manifestações de mulheres russas por melhores condições de trabalho. Porém, o dia lembra um trágico incêndio em uma fábrica de roupas que matou 146 costureiras, em 1911. Para algumas há muito o que se comemorar nos últimos anos: o direito ao voto, a independência financeira, o direito ao corpo.
Entretanto, a luta feminina ainda é árdua por mais conquistas sociais, políticas e econômicas. Ainda é visível a diferença de salários no mercado de trabalho – mesmo que executando as mesmas funções que os homens. Apesar do direito ao corpo, o aborto não é legalizado.
Outro trágico dado que preocupa a população feminina é a violência contra a mulher. Diariamente, mães, esposas, namoradas são executadas por seus parceiros, sem nenhuma justificativa. Apesar da implantação da Lei Maria da Penha, que pune com mais rigor as agressões contra as mulheres no âmbito doméstico ou familiar, os dados são alarmantes.
Em uma pesquisa realizada pelo Data Popular em parceria com o Instituto Patrícia Galvão, no fim do ano passado, revela que 70% da população considera que a mulher sofre mais agressão em casa que em espaços públicos. 54% conhecem uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira.
Denunciar ainda é uma dificuldade para muitas. Para 23,3%, vítimas não denunciam os companheiros à polícia por prever que eles não serão punidos. Com isso, as consequências podem ser maiores. 30% dizem acreditar que as leis do país não são capazes de protegê-las da violência doméstica. Do total de entrevistadas, 18,6% afirmaram já ter sido vítimas de violência doméstica.
Uma pesquisa do Ipea ainda revela que no Brasil, entre 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios: ou seja, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma morte a cada 1h30.
Na Assembleia Legislativa da Bahia, a Comissão dos Direitos da Mulher trabalha a conscientização. De acordo com a presidente do colegiado, Neusa Cadore (PT), ainda é preciso encorajar as mulheres para denunciar as agressões e avaliar a continuação das relações. “Trabalhamos na linha de estimular a mobilização da mulher. É preciso denunciar, avaliar, emponderar para que se tenha uma nova consciência”, completa.
Outra linha de trabalho da comissão é o empoderamento econômico. De acordo com a petista ainda é necessária a criação de mais Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM), casas de abrigos e centros de referências. Além disso, possibilitar o acesso ao emprego e renda e desenvolvimento de projetos de produção econômica.
Atualmente, 15 Deams funcionam na Bahia. A ideia é que tenha uma em cada um dos 27 territórios de identidade. Nove centros de referência serão abertos com recursos de emendas parlamentares. Ainda será implantada a Casa da Mulher Brasileira – um projeto do governo federal que conterá serviços públicos de segurança, justiça, saúde, assistência social, acolhimento, abrigamento e orientação para trabalho, emprego e renda. Salvador será uma das primeiras capitais do Brasil a receber o projeto.
Redação:CN*Informação: Bocão News