De frágeis elas só conservam o estereótipo. As mulheres do século XXI ainda sofrem com o preconceito, o abuso, sociedades patriarcais arcaicas e toda má sorte de injustiças manifestadas em todas as classes sociais desde outrora. Mas conquistaram um espaço digno de sua importância para a sociedade; e isso se converteu num grande avanço para o movimento feminista, para as donas de casa que, no início do século XX aderiram à propaganda representada por uma senhora, avental amarrado à cintura e pronta para a luta. É sempre com espanto que se recebe a noticia duma caminhoneira, uma taxista, uma perfuradora de poços petrolíferos ou jogadora de futebol; mulheres que ocuparam espaços reservados aos homens e mantiveram o padrão de produção e qualidade.
A mulher está refletida em vários espectros que fazem parte da vida dos homens e de outras mulheres. A começar pela figura da mãe, exemplo constante de carinho e proteção, transformada em ícone perene nas civilizações cristãs, sobretudo a Católica, na pessoa de Maria, mãe de Jesus. A mulher, como o homem, é símbolo de trabalho e luta por sobrevivência, assim como as nordestinas e seu ímpeto por resgatar a vida onde não existe mais esperança. Sinal de amor, receptáculo de vida em seu seio, o que desejaria a mulher senão ocupar na sociedade o lugar que é seu de direito?
Princípio e fim da sina de tantos poetas espalhados pelo mundo afora e na abrangência da história, a mulher é o artefato explosivo de paixões, a doce brisa de amores jamais esquecidos, é a parte complementar de um romance inacabável com o homem. Quantos impérios sucumbiram aos seus pés e quantos outros se ergueram à sobra de seus cabelos? Somos todos reféns da presença da mulher em nossas vidas propriamente porque o homem não nasceu para a solidão. A se considerar o texto bíblico de Gênesis que aborda a tristeza de Adão a caminhar solitário pelo Jardim do Éden, fazendo com que o Criador providenciasse uma companheira para ele, é possível considerar como original esta aliança.
Há provas concretas de que a mulher conduz consigo a chave de vários corações, não apenas a chave do coração do homem. Por isso está apta a conquistar seus espaços. É própria de sua personalidade a sabedoria, a paciência, o discernimento, a tranquilidade para conseguir os feitos e conquistas. No início do século passado, no Brasil, elas não votavam, deveriam chamar seus esposos de senhores, eram valorizadas por aquilo que não ousavam fazer. É bem verdade que muitas dessas situações ainda hoje acontecem. Mas patriarcal como é a sociedade brasileira, nem o mais astuto pensador prognosticaria um Brasil governado por uma mulher. E o que há nisso? De frágeis elas só conservam o estereótipo.
Mailson Ramos é estudante de Relações Públicas e escritor.