Muitos consumidores questionam o valor do recibo da água fornecido pela Empresa Baiana de Saneamento Básico – EMBASA, inclusive pessoas de baixa renda que não possuem reservatório de grande porte e quando chega o recibo se assusta com o valor cobrado, a primeira reação é se dirigir ao escritório da estatal e a grande maioria não começa nem a discussão, pois não levou anotado a leitura do hidrômetro, pois segundo os funcionários, sem aquela anotação não é possível reclamar, e quando alguém já leva anotado, que o funcionário justifica que nada pode ser feito, pois ao comparar aquele leitura com a anterior, e a soma dos metros cúbicos, o cliente que não tem reservatório com capacidade de 10 mil litros, no seu recibo está 25 ou 30 mil consumido em um mês “não tem perdão”, tem que pagar.
O CN descobriu que o que pode acontecer é a contagem pelo Hidrômetro (aparelho usado para medir a água) com a função de Anemômetro – (aparelho de medir a velocidade ou força dos ventos). A nossa equipe esteve na semana passada na residência de um cidadão de pré-nome Gilson, morador da Rua Manoel Gonçalves de Araújo, centro de Conceição do Coité e constatou que ele e muitas pessoas estão sendo prejudicadas e pagando pelo vento, coincidentemente, bem próximo da residência de Gilson reside o repórter do CN Raimundo Mascarenhas que notou, que também vem pagando pelo vento, pois em seu reservatório (cisterna) de aproximadamente 14 mil litros, não cai água em grande quantidade a cerca de dois meses, não que a embasa não mande água, e sim porque o mesmo não mais abriu o registro até que buscasse uma explicação para o consumo de 36 mil litros, mais do dobro da capacidade da cisterna, quando o reservatório está praticamente seco, o valor da conta é de R$ 192,40.
Tanto na residência de Gilson quanto na de Raimundo Mascarenhas ocorreu algo que não deixa dúvida que o vento faz o hidrômetro girar muito mais rápido que a água, e a consequência disso pode ser visto em fotos e imagens registradas entre quinta-feira, 03 até está segunda-feira, 07/04.
“Eu não entendia como podia está caindo água na casa de Raimundo e na minha nem da vizinha do outro lado não”, contou uma dona de casa ao perceber o barulho do hidrômetro que muito parecia com a passagem da água, mas era vento, como ela sempre se manteve precavida, nunca abre o registro sem ter a certeza que a água está no cano, não sofre com o problema de pagar pelo vento, mas alertou ao repórter, “teu recibo vem muito alto, foi o dia e a noite toda rodando”, disse a dona de casa, e sua previsão não deu outra.
“A partir da chegada do recibo resolvi não mais abrir o registro, no carnaval estava caindo água, e, para não ficar sem o precioso liquido abrir, mas não captou muita coisa, pois nesse período de racionamento, a embasa abre acho que uma vez no mês até que perceba que as casas foram abastecidas e fecha a rede, e na última vez que a rede foi aberta meu registro estava fechado, resultado, meu consumo foi de apenas mil litros, pelo menos consta na última leitura do recibo. Para não ficar sem água, deixei aberto novamente o registro e mais um vez a vizinha me alertou que não tinha água, que só estava passando o vento, dai resolvi gravar o barulho e o reservatório sem a chegada da água, na noite de quinta e na manhã de sexta-feira. O vizinho Gilson abriu o registro e teve a ideia de pegar uma vela para mostrar a potencia do vento, o resultado foi vela apagada com o vento que saía da torneira. Anotamos a leitura atual no inicio da tarde de segunda-feira e marcava 857, a ultima leitura feita pela embasa dia 14/03, estava em 817, assim, quando a embasa mandar o leiturista novamente meu próximo recibo a pagar vai ser no valor superior a R$ 200, pois vai calcular a última leitura 817 para 857 = 40 metros cúbicos (40 mil litros), de água ou melhor de ar, pois a cisterna está praticamente vazia e esses 40 mil litros supostamente teriam caído entre quinta e sexta-feira, da semana passada” disse Mascarenhas.
“Agora que já temos prova que se paga pelo vento, bom que mantenha o registro fechado até certificar que a água já chegou no cano na sua rede, “pra mim vai ser sempre mais complicado, passo o dia no trabalho e se deixo fechado a água chega e perco a oportunidade, se deixou aberto pago pelo vento”, lamentou Gilson.
Essa reportagem pode ser entendida por muitos como se diz “legislar em causa própria” pelo fato de um dos personagens ser ligado ao site, mas a ideia é global, quem nunca reclamou de um valor absurdo cobrado pela Embasa quando tem convicção que não consumiu? Foi pensado também em não publicar, mas a pessoa ligada ao site está lutando pelos seus direitos, por outro lado, deixaria de expor uma realidade que vem prejudicando a muita gente?
O CN preferiu publicar mesmo citando uma pessoa ligada ao site, pois pensou na população como todo, poderia também tratar do assunto diretamente com a empresa, quem sabe resolveria só o seu problema e qual é o papel da imprensa então?
Veja o vídeo
Raimundo Mascarenhas esteve no escritório da embasa na manhã desta terça-feira,08, onde levou os recibos e pediu a abertura de reclamação, e na oportunidade pediu que a empresa deslocasse um técnico para constatar a veracidade, mas ninguém lá esteve e mais tarde recebeu a seguinte justificativa através de e-mail encaminhado diretamente do escritório regional de Feira de Santana.
ATT.: Raimundo Mascarenhas
Em condições normais de operação das redes de distribuição de água, o volume de água preenche toda a tubulação, ou seja, não há espaço para existência de ar. A entrada de ar na tubulação ocorre apenas em condições excepcionais, em um quadro de prolongada intermitência no abastecimento. No entanto, o ar que entra na tubulação faz o hidrômetro rodar para trás (quando entra na tubulação) e para frente (quando sai da tubulação), portanto, o giro para um lado compensa o giro para o outro. Testes também demonstraram que a quantidade de ar que chega ao hidrômetro não representa diferenças significativas na conta mensal.
Para esclarecimento de dúvidas ou pedidos de revisão de leitura, os moradores podem entrar em contato com a Embasa, através do 0800 0555 195 ou na Loja de Atendimento da empresa em Conceição do Coité, situada à Rua Maximino Madureira, nº 143, Centro.
No inicio da noite desta terça a EMBASA abriu o abastecimento para a Rua Manoel Gonçalves e o hidrometro finalmente registra a passagem de água.
Da redação