Os dons de elocução, também denominados de verbais ou inspirativos, caracterizam-se pela expressão vocal, sempre de maneira sobrenatural. Como é peculiar da elocução, dizem respeito à oralidade, que se fundamenta nEle que é o Verbo que se fez carne (Jo. 1.1), que fala e continua falando (Hb. 1.1,2). No estudo desta semana, aprenderemos sobre os seguintes dons de elocução, com base em I Co. 12.7-12: dom de profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas.
1. O DOM DE PROFECIA
Existem alguns equívocos no meio dos cristãos a respeito do significado da profecia enquanto dom. Isso porque há confusão entre a profecia no Antigo Testamento, o ministério profético e o dom propriamente dito. O profeta da Antiga Aliança era um arauto de Yahweh, e falava pela inspiração do próprio Deus, por isso declarava: “assim diz o Senhor”. A mensagem profética canônica, conforme registrada nas Escrituras, foi soprada por Deus (II Tm. 3.16,17), os escritores sagrados falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito (I Pe. 1.20,21). Não se pode confundir também o dom com o ministério profético, que se encontra em Ef. 4.11, por trata-se de uma capacitação dada por Deus à liderança, para orientar a partir da revelação de Deus, fundamentada nas Escrituras. O ministério profético tem relação é um ofício, residente naquele que o realiza, em conformidade com a Palavra de Deus. Em relação ao dom de profecia, este é considerado o maior dos três dons de elocução, sendo citado vinte e duas vezes em I Co. 11-14. O dom de profecia não é previsão do futuro, antes tem a função de edificação, exortação e consolação no corpo de Cristo. A edificação diz respeito à “construção” da igreja do Senhor Jesus, a manifestação desse dom acontece para que a igreja possa crescer em maturidade. A exortação é uma palavra de encorajamento, para que permaneçamos firmes no Senhor. A consolação diz respeito ao ânimo dado à igreja para enfrentar os momentos de adversidade e perseguição. Aquele que é usado por Deus no dom da profecia tem controle sobre este (I Co. 14.32), isso quer dizer que a pessoa trabalha em conjunto com o Espírito Santo. Existe também uma normatização em relação ao uso: que falem dois ou três e os demais julguem (I Co. 14.29). Há uma distinção entre o dom de profecia e o de falar em línguas, o primeiro é para os que creem, e o último um sinal para os descrentes, quando há compreensão, conforme aconteceu no dia de Pentecostes (At. 2).
2. DONS DE VARIEDADE DE LÍNGUAS
O dom de falar em línguas teve início no dia de Pentecostes, no dia em que a igreja foi inaugurada em Jerusalém (At. 2.4). Essas línguas não podem ser estudadas, são sobrenaturais, portanto, nada tem a ver com o aprendizado de idiomas. É possível que, como aconteceu no dia de pentecostes, as pessoas falem em línguas que sejam identificadas pelos que as escutam. Mas essas, para serem sobrenaturais, são estranhas para aqueles que as falam, isto é, ainda que seja estrangeira, deve ser estranha para quem fala (I Co. 14.14). Uma característica desse dom, diferentemente do de profecia, é que quem fala línguas não fala a homens, mas a Deus (I Co. 14.2). Os que receberam Jesus como o seu salvador devem ser estimulados a buscar o batismo no Espírito Santo, tendo como uma das evidências o falar em línguas. E a também o dom de variedade de línguas, para que sejam edificados, e sintam a alegria dessa experiência pentecostal. É importante ressaltar que esse é o único dom que depende do Batismo no Espírito Santo, e que pode abrir a porta para outros dons na vida do cristão. Antes de a pessoa receber o dom de variedade de línguas precisa buscar o batismo no Espírito Santo. Devemos ter cuidado com a censura nas igrejas, nada há de errado em desejar o dom de variedade de línguas (I Co. 14.5). O próprio Jesus antecipou que aqueles que nEle cressem seriam capazes de falar “novas línguas” (Mc. 16.15-17). As restrições de Paulo dizem respeito ao uso inadequado das línguas no culto, sendo essas supervalorizadas, em detrimentos dos outros elementos do culto: salmo, doutrina, revelação, e no caso das línguas, interpretação (I Co. 14.23). Isso porque aqueles que falam em línguas, se não houver quem interprete, edificam apenas a eles mesmos (I Co. 14.4). Ao invés de proibirem o dom de variedade de línguas nas igrejas, devemos incentivar a busca de outros dons, principalmente o de profetizar (I Co. 14.39). A oração em línguas, respeitando os demais elementos do culto, principalmente durante a oração, pode ser usada para glorificar a Deus (At. 10.46). Há inclusive a possibilidade de se cantar em línguas, trazendo gozo para a alma (I Co. 14.15), reconhecidas como cânticos espirituais (Ef. 5.19).
3. DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
Para que haja edificação da igreja, o dom de línguas carece de interpretação, para tanto, o mesmo Espírito, sobrenaturalmente, pode dar aos membros do Corpo, o dom para interpretá-las. Por isso, aqueles que falam línguas são orientados por Paulo a também orarem para que possam interpretá-las (I Co. 14.13). Se alguém possui o dom de línguas, mas está em um lugar que não há quem interprete, deve orar para que seja o próprio interprete. Quando as línguas são interpretadas, a junção dos dons funciona como a profecia, edificando a igreja (I Co. 14.4). Do mesmo modo que o dom de variedade de línguas não pode ser confundido com o domínio de outras línguas, o dom de interpretação de línguas é sobrenatural, não é resultando do conhecimento adquirido de outros idiomas. Se não há quem interprete, o dom de línguas deve ter controle, para não comprometer os outros elementos do culto. Há uma abertura nesse sentido nos cultos de oração, ou mais propriamente nos momentos de oração, em que os cristãos oram em línguas. Mas durante a realização do culto, a menos que haja interpretação, as línguas devem ser controladas. Paulo justificou, aos coríntios, que preferiam palavras compreensivas, durante o culto, às incompreensíveis (I Co. 14.18,19). Certamente os cultos em Corinto se transformaram em um “festival de línguas”. A orientação do Apóstolo foi a seguinte: que tudo seja feito para edificação, se alguém fala em uma língua estranha, que sejam dois ou no máximo três, um após o outro, e haja quem interprete (I Co. 14.26,27). Isso deveria acontecer para que o culto não fosse uma confusão, mas um momento de paz, para a glória de Deus (I Co. 14.33). Não havendo interpretação de línguas, o cristão deve permanecer em silêncio perante a igreja, falando apenas consigo mesmo, para Deus (I Co. 14.28). Essa é uma prova de que quem está sendo usado pelo Espírito tem controle sobre o dom espiritual.
CONCLUSÃO
Os dons têm sempre como premissa a edificação, nunca a confusão ou elitização de quem é usado pelo Espírito. No caso dos dons de elocução, o dom de variedade de línguas edifica apenas aquele que as fala, enquanto que o dom de profecia edifica a igreja. O dom de línguas pode ser inclusive um sinal para os descrentes, mas se houver quem a interprete, na medida em que esses são convencidos através da manifestação divina na igreja. Esses dons devem ser buscados pela igreja, principalmente o de profecia, e no caso das línguas, é necessário que haja quem interprete. A motivação principal para a busca dos dons, e a sua valorização, depende no nível de edificação dos membros da igreja, em sua totalidade. PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!
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