“O bagulho é doido”. Jovens de Salvador têm usado as redes sociais para exibir armas, dinheiro e drogas nas redes sociais. Em seus perfis no Facebook, eles utilizam apenas saudações: “êa” ou “é nóis”. Com uma linguagem toda particular, curtem mesmo é jurar os rivais de morte. Nos dados pessoais, uma profissão se repete: “vida loka”.
O CORREIO contabilizou 19 páginas do Facebook que, no mínimo, são canais de apologia ao crime. São sete perfis pessoais, oito fan pages e quatro grupos, todos com jovens exibindo armas, fazendo ameaças a outros grupos e comemorando tomadas de pontos de drogas. As páginas, porém, podem evidenciar uma disputa real de traficantes da capital baiana.
Resta saber se alguns desses “traficantes” existem de fato ou, para usar uma linguagem de redes sociais, são fakes. Anteontem, uma página no Facebook em que supostos traficantes de Salvador aparecem com armas e maços de dinheiro chamou a atenção da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Depois de divulgada na imprensa, a página ‘OH OH Caveirão’ foi retirada do ar. Mas há muitas com conteúdo semelhante.
É verdade que as fotos publicadas nessas páginas não dão a certeza de que foram tiradas em Salvador. Há imagens, inclusive, que são claramente de outras cidades, como em dois casos em que táxis amarelos do Rio de Janeiro entregam a farsa.
Mas, a maioria das postagens trata de invasões a bairros da capital baiana, demonstrando que os participantes conhecem a realidade local da disputa por pontos de comércio de drogas.
Disputa
Na ‘OH OH Caveirão’, criada em dezembro do ano passado e com mais de 1,4 mil curtidas, não faltam relatos de recentes ataques a rivais. Com erros gramaticais de todos os níveis, o que é bem comum a todas as páginas, os comentários anunciando novos ataques são comuns.
O delegado Charles Leão, do Grupo de Repressão aos Crimes Por Meios Eletrônicos, vê uma evidente apologia ao crime. “Quem curte e compartilha essas páginas comete o mesmo crime. Agora é identificar quem postou esse material”.
Ele, entretanto, afirma que a investigação sobre a existência real desses traficantes cabe à SSP. Já a assessoria de Comunicação do órgão informou que a Superintendência de Inteligência (SI) é a responsável por monitorar as redes sociais e vai analisar as páginas.
Redação: CN*Informação: o Correio