A situação da saúde tende a piorar em Conceição do Coité e região a partir do dia 28 deste mês, quando a Climecc, CLinica especializada ao atendimento de criança deixará de atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O anuncio foi feito na noite de quarta-feira,7, durante a sessão da Câmara de Vereadores, pelo médico Antônio Nunes Gordiano Neto, conhecido Dr Gordiano diretor executivo a unidade de saúde.
A noticia soou como uma bomba, pois o atendimento a criança não se resume apenas a Conceição do Coité, já atende pacientes de cidades com distancia de até 160 km dos territórios do Sisal e Jacuípe.
Segundo Dr Gordiano, ele segurou até onde pôde,”são 25 anos de formado e essa foi a decisão mais difícil de minha vida, não consigo tirar uma noite tranquila de sono a pelo menos 45 dias, estou muito sentido, mas preciso tomar essa decisão.Sei o quanto é difícil para a população de Coité e região de modo especial aquela de baixo poder aquisitivo, mas não posso mais continuar da forma que vem sendo a parceria com o SUS”, disse Gordiano.
Segundo o médico, a Clinica vem recebendo por uma tabela de 2002, são exatos 12 anos sem reajustes, tendo que “bancar de tudo”, inclusive diárias médicas, e o valor recebido mensalmente está em torno de R$ 80 mil, que segundo ele, a despesa que a Clinica vem tendo é maior.” Diria que teve um pequeno reajuste nesse período, mas se observarmos ficou no mesmo, ou seja, deu um reajuste e cortou 300 atendimentos, eram 1200 por mês e pediram para reduzir para 900, ficou no mesmo”, afirmou o médico.
Antônio Gordiano disse ao Calila Noticias que levou uma proposta a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – SESAB que representa o SUS, foi entregue uma proposta a SESAB para regularizar a situação da pediatria, pois, segundo ele, a quantidade de consultas pagas pelo estado é inferior a que vem sendo executada na Climecc, os valores repassados não dão pra manter uma estrutura funcionando 24 horas, “foi oferecido a SESAB alguns procedimentos, como: realização de consulta com ortopedista, que na região é carente, realização em consulta oftalmológica, oferecemos cerca de 200 raio-x para serem marcados pela secretaria de Saúde do Município, sem a interferência da Climecc, ofereci ainda electroencefalograma, eletrocardiograma, endoscopia digestiva, todos os procedimentos para serem marcados pela secretaria de Saúde de Coité. A gente estaria liberando uma parte do que poderia possivelmente ser parte do convênio, para ser marcado pelo município, ajudando inclusive o município, já que Coité não dispõe desses procedimentos pelo SUS. O convênio viria para a Climecc, como entidade privada, e alguns convênios seriam liberados para serem marcados pela secretaria de saúde, vale ressaltar que a pediatria da Climecc não é apenas voltada para Coité,e sim regional, a Climecc não tem convênio com a Prefeitura de Coité, o nosso convênio é com a SESAB. O que dá a se entender, que para resolver esse problema, a SESAB através de um superintendente que prefiro não citar o nome, ele quer colocar política acima da saúde, é como se para resolver essa questão regional, eu tivesse que sentar com o prefeito municipal de Coité, isso eu não faço, primeiro que não tenho convênio com a prefeitura e segundo que a situação é regional,” justificou.
Leitos lotados e mães de crianças internadas temem suspensão
A Climecc atende pelo SUS a 20 anos, conta atualmente com cerca de 40 leitos, nesta quinta-feira, 08, o que pôde ser notado foi lotação quase que total nas enfermarias, são crianças com problemas diversos, que precisam de no mínimo três dias para receber alta, e enquanto isso recebem medicamento, alimento, atenção médica e alimento para acompanhantes que deveria ser tudo por conta do SUS, mas que segundo a diretoria, toda despesa que é feita não está compatível com o que recebe.
A dona de casa Gilvante da Silva Lima, moradora da comunidade de Riacho do Morro, em Conceição do Coité, internou seu filho na manhã de quarta-feira,07, o garoto sofre problema de anemia falciformes disse que vez em quando precisa levar seu filho para tomar soro, ela já tomou conhecimento da suspensão do atendimento pelo SUS e disse que já está imaginando chegar o dia 28, e depois disso precisar levar o filho novamente. A mesma situação acontece com Joseane da Silva Santos moradora do Distrito de Salgadalia, seu filho deu entrada com febre,vômito e diarreia. Disse imaginar quando esse momento chegar, garantiu que não recebe nenhum beneficio de programas sociais,”se parar isso aqui vou pagar a consulta do meu filho com o que? Eliane Santos Silva, residente no Conjunto Habitacional Cidade Jardim disse que seu filho está internado com infecção no sangue e não é a primeira vez que precisa levá-lo naquele centro de saúde.
A preocupação conforme foi narrada pelo diretor do hospital não fica somente em Coité, pois apesar de ser particular, mais parece um hospital da criança, nenhum outro município oferece tal atendimento, segundo uma funcionaria, existe situação de pacientes que chegam de cidades que não estão compactuadas pelo SUS para atendimento em Coité e diante da situação o diretor acaba autorizando o internamento, e aquele não entrará na relação de fatura junto ao SUS.
O anuncio da suspensão do atendimento ocorreu na presença dos representantes do povo, que devem se manisfestar desde já para que a situação se complique daqui a 20 dias.
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas