Em continuidade ao estudo dos dons ministeriais de Ef. 4.11, nos dedicaremos está semana ao dom ministerial de pastor. Inicialmente mostraremos a necessidade dos pastores na igreja, dando ênfase a Cristo, o maior exemplo de pastoreio. Em seguida, enfocaremos mais especificamente o dom ministerial, mostrando sua relevância para a edificação da igreja do Senhor. E ao final, destacaremos algumas características do pastor, ressaltando sua atuação para a preservação do rebanho de Deus.
1. A NECESSIDADE DOS PASTORES
Jesus é o maior exemplo de pastor, na verdade Ele é o Pastor dos pastores. Em Jo. 10 Jesus disse ser “o Bom Pastor” que dá a vida pelas ovelhas, contrastando com os mercenários, que buscavam apenas alimentar-se das ovelhas, não alimentá-las. Como Bom Pastor Ele conhece as suas ovelhas (Jo.14), cada uma nominalmente, pois são ovelhas do Seu pastoreio (Sl. 100.3). Como Pastor Jesus conduz as suas ovelhas, levando-as adiante (Jo. 10.3,4). Semelhante ao pastor do Sl. 23, Ele as “guia pelas veredas da justiça por amor do seu nome”. Pedro destacou que Jesus é o Pastor e Bispo das nossas almas, que nutre as nossas vidas com o alimento espiritual, instruindo no caminho que deve ser seguido (Sl. 32.8). Para o autor da Epístola aos Hebreus Jesus é o “Grande Pastor”, que não está sujeitos às limitações, por isso pode cuidar do Seu rebanho, tendo por ele interesse. Pedro denominou ainda Jesus de “Supremo Pastor”, que nos dará, se não desfalecermos, “a imarcescível coroa de glória” (I Pe. 5.4). Somos ovelhas carentes de um cuidado, por isso Cristo é Aquele que pode nos apascentar, considerando Suas credenciais. Ele desempenha essa função por meio dos pastores (gr. poimên), que Ele mesmo deu para a igreja (Ef. 4.11) Na medida em que a igreja foi se organizando, fez-se necessário que os pastores fossem estabelecidos, para supervisionar as igrejas (I Ts. 2.14). Esses pastores eram denominados nas igrejas judaicas de presbíteros, e bispos nas igrejas gregas (At. 11.30; 14.23; 20.17,28). Esses pastores tinham a responsabilidade de “apascentar o rebanho” (I Pe. 5.2). Nessa mesma passagem Pedro deixa claro que a motivação para o pastoreio não deveria ser o lucro, mas “a boa vontade”. Evidentemente digno é o pastor do seu salário (I Tm. 5.18), e aqueles que governam bem, e labutam na pregação e no ensino, são dignos de duplicada recompensa (I Tm. 5.17).
2. O DOM MINISTERIAL DE PASTOR
O dom ministerial de pastor é necessário por diversos motivos, dentre eles, a importância de manter a decência e ordem no culto, atentando para os elementos litúrgicos da celebração (I Co. 14.40). Além disso existem falsas doutrinas que se proliferam, ameaçando a integridade do evangelho. O pastor tem responsabilidade apologética, de proteger o rebanho dos falsos mestres, os lobos que querem devorar as ovelhas (Tt. 1.11; II Pe. 2.1). Mas é no cuidado individual das ovelhas que o pastor exerce com maior propriedade o seu ministério, principalmente quando alguma delas se encontra enferma (Tg. 5.14). É nesse particular que o ministério de pastor se diferencia dos demais de Ef. 4.11. Cabe ao pastor a tarefa de dar acompanhamento pessoal às suas ovelhas. Em Jo. 21.15-17 Jesus orienta Pedro em relação à adequação do ministério pastoral. Ele deveria apascentar primeiramente instruir as ovelhas no caminho, não deixando de prover alimento apropriado para o crescimento saudável. É triste testemunhar que nos dias atuais muitos procuram o título de pastor, sem qualquer interesse nesse importante ministério. A elitização do pastorado tem causado muitos males à igreja, principalmente depois que se criou a figura dos “pastores-presidentes”. Ninguém quer mais ser um simples pastor, como foi Jesus, que se sacrificou pelo rebanho. Na verdade, a busca desenfreada por posição eclesiástica, tem causado muitos danos à igreja institucionalizada. Individualmente muitos estão feridos em nome de Deus, e carregam marcas profundas advindas daqueles que deveriam curar, ao invés de causar adoecimento. Nada há de errado em manter a relação do título de pastor com o ministério de pastor, contanto que esses de fato apascentem. Devemos considerar também que existem muitos que não têm o título, mas que são verdadeiros pastores, há muitos auxiliares, diáconos e presbíteros que são pastores, no sentido ministerial bíblico. Esses receberão do Senhor a recompensa, ainda que não tenham o devido reconhecimento eclesiástico.
3. CARACTERÍSTICAS DO PASTOR
É imprescindível que o pastor tenha conhecimento da Palavra, pois como irá doutrinar se não tiver fundamentação bíblica? Não podemos esquecer que toda Escritura é divinamente inspirada, e é a partir desta que o obreiro está preparado para toda boa obra (II Tm. 3.16,17). Se quisermos ser obreiros aprovados por Deus, inclusive no ministério pastoral, devemos manejar bem a palavra da verdade ( II Tm. 2.15). Atualmente há muitas exigências para o ofício de pastor, mas que não têm respaldo bíblico, não se fundamentam nas recomendações paulinas (Tt. 1.7-11). Há igrejas que substituíram o modelo pastoral bíblico pela administração empresarial. Alguns pastores são reconhecidos não pela capacidade de apascentar, mas pela produtividade organizacional, pelos lucros que trazem às igrejas. Esse modelo está em declínio, principalmente depois do sucesso editorial do livro O monge e o executivo. Para espantos dos evangélicos, esse estilo de liderança-servidora tem fundamentação bíblica, sendo Jesus o Seu grande modelo (Jo. 13.1-17). Seguindo o exemplo de Jesus, o que mais se espera de um pastor é que esse seja amoroso, que apascente o rebanho com cuidado (I Pe. 5.1-3). Ele deve exercitar a longanimidade, não pode ser tempestivo, levado pelas emoções, o amor sacrificial precisa sustentar seu ministério (At. 20..31; II Tm. 4.2). O ministério de pastor é exercido também através dos cuidados com as necessidades dos irmãos mais pobres (Gl. 2.9,10). O dom de pastor não se concretiza apenas no cuidado com o espírito, é necessário também atentar para as carências materiais (Gl. 6.10). O ministério de pastor é percebido principalmente no cuidado com os enfermos. A sociedade contemporânea tende a descartar as pessoas, a medi-las pela capacidade de produção. Mas o pastor sabe que cada vida tem valor para Deus, por isso visita os enfermos, auxiliando-os em oração (Tg. 5.14,15). Ao proceder desse modo o pastor obterá do Senhor uma posição, não aquela acirradamente disputada nos arraiais evangélicos, mas a de “despenseiro dos mistérios de Deus” (I Pe. 4.1,2).
CONCLUSÃO
Jesus continua sendo o Maior exemplo de Pastor para as igrejas, todos aqueles que são chamados por Deus para esse ministério dão continuidade ao pastoreio do Senhor. A esse respeito é válido lembrar a pergunta de Jesus a Pedro após ressuscitar: “Pedro, tu me amas?” Em seguida o comissionou: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21.15-17). Que o Senhor continue dando pastores à sua igreja, e que sejam aprovados nesse importante critério: que amem ao Senhor, e também ao rebanho que Ele lhes confiou, tendo-o adquirido com Seu próprio sangue (At. 20.28-30). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!
Por: Teinho Silva
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