A comunidade de Levada na zona rural do Município de Serrinha,Território do Sisal, teve uma manhã e inicio de tarde de quarta-feira,28, bastante concorrida e marcante, pois a pequena localidade cercada de pequenos agricultores familiares foi a escolhida pela Coordenação da Articulação Semiárido Brasileiro – ASA para celebrar 20 mil novas tecnologias sociais para produção de alimentos no Semiárido.
Uma mega estrutura foi montada para receber as representações de praticamente todos os estados nordestinos e norte de Minas Gerais, e também autoridades a exemplo do governador da Bahia Jaques Wagner, ministra do Desenvolvimento Social Tereza Campelo, Naidison Baptista coordenador da ASA-BAHIA e presidente da Associação Programa 1 Milhão de Cisternas e o diretor corporativo e de serviços da Petrobras, José Eduardo Dutra, que representou a presidente da PETROBRAS Maria das Graças Silva Foster, que embora tenha sido anunciado sua presença precisou suspender a visita.Deputados federais Fernando Torres e Rui Costa, prefeitos e lideranças comunitárias da região também se fizeram presente.
Cerca de 100 mil pessoas no Semiárido estão aptas a estocar água das próximas chuvas para a produção de alimentos e criação de animais. Este é o resultado do contrato de patrocínio entre a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Petrobras, iniciada em maio do ano passado, que possibilitou a implementação de 20 mil tecnologias sociais do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), com investimento de R$ 200 milhões. Durante o evento, foi realizada uma feira com produtos da agricultura familiar, inclusive foi entregue a cada autoridade uma cesta de produtos, e na fisionomia dos produtores a satisfação da melhoria da qualidade de vida no campo a partir dos programas e as novas tecnologias sociais.
“A comemoração se deve à significativa ampliação do estoque de água para as famílias agricultoras, uma das principais estratégias de convivência com o Semiárido. O projeto implementou 10.000 cisternas-calçadão, 6.450 cisternas-enxurrada, 250 barragens subterrâneas e 3.300 barreiros-trincheira em 210 municípios de nove estados da região semiárida” garantiu Naidison Baptista.
Baptista ressaltou também a importância da conclusão desta etapa, que segundo ele significa que “os animais dessas pessoas estarão com água disponível para beber, que elas não terão dificuldades em criá-los, que elas poderão plantar suas hortas, seus pomares, seus quintais, crescendo economicamente e como pessoas que ocupam seus lugares no Semiárido. A estratégia de estoque é essencial e fundamental quando a gente trata da convivência e da viabilização do Semiárido”.
Famílias de Serrinha,de modo especial em Levada na Região do Povoado de Saco do Correio onde foram implementadas 98 tecnologias do P1+2, aguardam a chegada das chuvas para iniciar suas atividades produtivas. A agricultora Maria de Lourdes Freitas, da comunidade Barra Grande, está vivendo suas primeiras experiências com a cisterna-calçadão, cuja água está usando para aguar as plantas: “A gente já plantou verduras, alface, cebolinha e coentro.” Ela também participou do evento de encerramento do projeto.
“Nós temos 70% do território na área do semiárido, onde vivem sete milhões de baianos, e o objetivo é fazer mais cisternas, adutoras e outras ações para que estas pessoas possam viver e produzir com dignidade para ter cidadania”, disse Wagner.
A ministra Tereza Campello enfatizou que, “a exemplo de outras parcerias com o estado como o Pronatec, a Bahia é o melhor executor do programa de ações de cisternas e tecnologias de captação de água, a melhor maneira de adaptação e convivência com o semiárido”.
O projeto apoiou também a constituição de 130 bancos de sementes, para garantir a diversidade das variedades tradicionais camponesas, e 65 viveiros de mudas, dedicados à recorbertura e ao recatingamento dos territórios.
Com a conclusão desse projeto, a ASA chega a quase 48 mil tecnologias para produção de alimentos, construídas através das organizações da sociedade civil que compõem a rede, e financiadas através de diversas parcerias. Outras 20 mil implementações já estão em curso este ano, e contam com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), do BNDES e da Fundação Banco do Brasil. “Nós estamos criando condições para que as famílias vivam, e vivam bem. A questão do Semiárido é que a água está concentrada nas mãos de poucos, ou mal armazenada. Esses processos abrem espaços e práticas de um bom armazenamento, democrático. A água existente a partir das chuvas passa a não mais ser concentrada nas mãos de poucos latifundiários e poucas empresas”, explica Baptista.
ASA – A Articulação Semiárido Brasileiro é uma rede formada por cerca de três mil organizações da sociedade civil que atuam em prol do desenvolvimento do Semiárido brasileiro. A ASA acredita que a água é fator primordial para a vida na região e busca a garantia desse direito para consumo humano e produção de alimentos, valorizando a agricultura familiar e o conhecimento gerado por produtores e produtoras familiares. Além do P1+2, a Articulação realiza também o programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Nele, são desenvolvidas ações de construção de cisternas de placas de captação de água para consumo humano e de formação e mobilização das famílias agricultoras pela convivência com o Semiárido. No geral, a ASA já implementou mais de 576 mil tecnologias sociais para consumo humano e produção de alimentos.
Tecnologias implementadas pela ASA com patrocínio da Petrobras
Cisterna-calçadão: 10.000
Cisterna-enxurrada: 6.450
Barragem subterrânea: 250
Barreiro-trincheira: 3.300
Casas de sementes: 130
Viveiros de mudas: 65
Redação Calila Noticias / Colaborou Mirian Oliveira APAEB/Serrinha / fotos: Raimundo Mascarenhas