Dois ônibus deixarão Salvador, no início da manhã de domingo,24, levando amigos e parentes de Geovane Mascarenhas de Santana, 22, para Serra Preta, na região Centro-Norte. É lá que, 22 dias após o desaparecimento do jovem, a família vai sepultar seu corpo, encontrado esquartejado e carbonizado. Serra Preta, na microrregião de Feira de Santana, é a cidade natal da família do rapaz, visto vivo pela última vez durante uma abordagem policial da Rondesp na Calçada.
Depois de ter ido por nove vezes, no último mês, ao Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, em busca do corpo do filho, o comerciante Jurandy Silva de Santana programa retornar lá no domingo às 6h — desta vez para retirar o corpo de Geovane previsto para ser sepultado assim que a família chegue à cidade.
Os custos com o enterro serão pagos pela família. “Ofereceram ajuda quando a gente teve na Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, mas a gente já tinha se organizado e não precisou”, contou Jurandy.
Hoje faz uma semana que os três suspeitos de participação no caso — o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende — estão presos, depois que a juíza Ângela Bacelar, do 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal Júri, decretou a prisão por 30 dias.
Como o CORREIO revelou semana passada, Geovane desapareceu no último dia 2, após a abordagem policial. Um vídeo de uma câmera de segurança, que o próprio pai do rapaz conseguiu, mostrar a vítima de moto sendo abordada e colocada no porta-malas da viatura da Rondesp, por volta de 17h. Depois de Jurandy denunciar o fato ao CORREIO, partes do corpo foram encontradas em locais diferentes — as mãos e a cabeça em Campinas de Pirajá, o tronco e os membros em São Bartolomeu.
O Departamento de Polícia Técnica aguarda resultados de exames para confirmar se Geovane, que não tinha perfurações causadas por arma de fogo, foi queimado ou esquartejado antes de morrer. Para o coordenador do Observatório de Segurança Pública da Bahia, Carlos da Costa Gomes, a morte de Geovane foi um crime de estado e o fato de os policiais terem desligado o GPS da viatura já seria motivo para a expulsão dos acusados. “(Foi) a força pública do estado que cometeu o crime”, disse em entrevista à rádio CBN.
Fonte: Correio24horas