Romeiros de todo país participaram na última quarta-feira (6), em Bom Jesus da Lapa, no oeste do estado, da romaria que comemorou o dia do padroeiro da cidade. De acordo com a polícia, a cidade recebeu neste período de festa aproximadamente 300 mil visitantes e a romaria é considerada a terceira maior do país e acontece há 320 anos.
As celebrações religiosas desta romaria têm como cenário o Santuário do Bom Jesus da Lapa, que fica dentro do Morro do Bom Jesus, com 90 metros de altura e com todas as suas grutas. Algumas missas aconteceram na gruta do Bom Jesus e outras na gruta de Nossa Senhora da Soledade e os nomes são devidos às principais imagens que estão expostas em cada uma delas.
O ponto alto da festa aconteceu no final da tarde com a com a procissão que percorreu as ruas do centro da cidade e contou om a presença de vários padres e dos bispos, Ceslau Stanula, de Itabuna e Josafá Menezes da Silva, de Barreiras e administrador da Diocese de Bom Jesus da Lapa.
Mesmo sendo um ano eleitoral, o ato religioso foi pouco explorado, nenhum candidato ao Governo nem ao Senado foi visto no meio da multidão,pela dimensão do evento, poderia contar também com algum presidenciável,mas isso também não aconteceu.
Quem marcou presença mesmo foi o governador Jaques Wagner que assistiu à missa campal, realizada pela manhã, na entrada da gruta procurada por romeiros de todo o Brasil, sendo o primeiro no cargo a prestigiar a celebração, de acordo com o prefeito Eures Ribeiro. “Em Bom Jesus da Lapa, tudo é comovente. A exuberância da natureza encontra par na fé do nosso povo. Fico muito feliz em poder estar aqui fazendo parte desta indescritível manifestação de religiosidade”, disse o governador, ao lado da primeira-dama, Fátima Mendonça.
Católico praticante com atuação junto aos movimentos da igreja, em especial o Encontro de Casais com Cristo – ECC, quem uniu o útil ao agradável foi o vice prefeito de Conceição do Coité Alex Lopes, conhecido por Alex da Piatã, ele que disputa uma vaga de deputado estadual pelo PMDB.”Vim conhecer de perto toda essa manifestação de fé.Sempre ouvir falar e queria conferir, e é melhor do que imaginava. Esta igreja chama a atenção e chega a fazer arrepiar quando se entra nela. Tem uma energia muito boa, mas acho que se destaca também porque foi literalmente construída por Deus e não pelas mãos dos homens, que apenas adaptaram o local. As pedras, o espaço, já estava tudo ali. Valeu muito a pena vim conhecer”, falou Alex Lopes.
O candidato a deputado federal, Luiz Caetano (PT também presente disse ao CN que a celebração tem um significado muito especial, pois foi a primeira viagem que fez com a família. “Saímos de Central em um pau de arara, eu, minhas irmãs e meus pais, e isso ficou marcado. Por isso faço questão de vir aqui todos os anos, com a mesma emoção, para pedir bênçãos e agradecer para todo o povo brasileiro”, declarou. Também foram vistos pela equipe do CN, Jonas Paulo, ex-presidente do PT estadual e candidato a deputado estadual, Ronaldo Carletto, deputado estadual e candidato a federal pelo Partido Progressita.
O aposentado Francisco Alves de Oliveira, 79 anos, residente no Bairro João Paulo II, em Bom Jesus da Lapa, externou sua fé no santo Padroeiro do município e acostuma neste período abrir sua residência para colaborar com os romeiros que vem de locais distante e necessita de algum tipo de apoio, a exemplo do banho. Ele aproveitou o grande número de camelô na cidade e comprou um “bota” de couro e pagou R$ 20, “tá barata”, brincou o aposentado.
História
O movimento em torno da fé em Bom Jesus da Lapa iniciou muito antes de o município receber esse nome e até de ser um município. Tudo começou em 1681, quando um português chamado Francisco Mendonça Mar chegou ao local, trazendo uma imagem do Bom Jesus e, ao entrar na gruta, imaginou que seria o local ideal para servir de altar para a imagem que vinha trazendo, a pé, desde Salvador.
O português, considerado o primeiro peregrino do Bom Jesus, começou a realizar suas orações e ações solidárias no local e a fama daquela “igreja natural” começou a atrair a população local e os viajantes que ali paravam para descansar, um ponto estratégico para quem viajava pelo rio São Francisco. Alguns anos depois, em 1706, a Igreja Católica o ordenou como padre, e ele passou a ser chamado de Francisco da Soledade. A partir de então, o movimento de visitações à gruta não parou mais de crescer.
O Museu do Santuário Memorial Padre Lucas Kocik, inaugurado em 2012, na rua Miguel Calmon, no Centro, reúne documentos e objetos históricos que ajudam a contar grande parte da história, não só do Santuário e do primeiro peregrino, como de todo o município de Bom Jesus da Lapa, além de ser uma atração turística e cultural.
Redação CN * fotos: Manu Dias – SECOM_BA e Devdy Willian