É muito comum hoje em dia encontrar circo em áreas periféricas das cidades e povoados, isso ocorre muitas vezes porque o espetáculo talvez já não atraia mais as camadas da média e alta sociedade, a solução dos proprietários é buscar alternativas para sobreviverem, não pensando em atingir apenas a classe considerada baixa, como também chegar ao bairro e a comunidade rural como novidade.
O Calila Noticias conta a história do Golden Circus que embora tenha um elenco experiente que rodou no mínimo todo norte-nordeste do país, nos últimos anos tem se mantido apenas em pequenas comunidades da região sisaleira e bairros, isso por conta da dificuldade encontrada para deslocamento para locais mais distantes, como é o caso de Ivanilson Silva, proprietário do Golden Circus que enfrentou muita dificuldade de sair de um bairro em Conceição do Coité para Chapada distrito de Riachão do Jacuípe.
Segundo Ivanilson, seu circo possui um elenco pequeno, mas de muita qualidade, ele disse ao CN que o grande problema que enfrenta é a situação da lona que está muita velha e rasgada, isso para ele afasta o público. “ A lona é o cartão de visita de um circo, quando você vê de longe uma lona nova e bonita esteja certo que o povo vai ver o espetáculo, a situação que está a nossa lona é o contrário, as pessoas não vão e serve de chacota, e vândalos ainda jogam pedra”, contou com tristeza Ivanilson que tem que fazer “malabarismo” para manter a família com recursos tirado de cada R$ 4 ou R$ 3 cobrado nos espetáculos.
“Se eu conseguir uma lona nova não preciso de mais nada, minha alegria vai voltar e da minha família também.Mesmo assim posso dizer que o que temos de melhor é palhaço, principal atrativo de um circo, mas não levamos tristeza, o público quer é se divertir e a gente leva diversão”, afirma Ivanilson que atua também como palhaço “Pingoleto”, mestre de cena, sonoplasta e peão para montar e desmontar o circo.
Ivanilson que disse ter nascido em trailer de circo contou ao CN que o momento de maior tristeza de sua vida foi quando estava pronto para entrar no picadeiro e recebeu a notícia da morte do seu pai.” Eu tive que suportar a dor e mesmo assim levei a alegria normalmente para o público presente, quando encerrou o espetáculo veio o choro”, relembrou com lágrimas nos olhos.
Outro artista é o irmão de Ivanilson, o Ivan que também é palhaço “Chamadinha”, esse nome é justamente para homenagear o pai deles, que era o palhaço “Chamada”. Ivan quando não está fazendo graça monta, desmonta e transporta o circo. Faz parte do elenco ainda Relza Fernandes de Araújo, esposa de Ivanilson, ela trabalha na bilheteria e apresenta a “mala misteriosa”; a filha Rita de Cássia, 16 anos, atua no tecido, argola olímpica e dança; Raquel Fernandes mostra talento na lira redonda, corda indiana e mala misteriosa, e Ingredy Pamela,12 anos, faz bailado de abertura e corda indiana.
A situação mais complicada, mas que já faz parte da história do povo circense é a constante transferência de escola das jovens, sempre que o circo deixa um local para outro os pais procuram as diretorias das escolas para realizar transferência. Rita de Cássia (de preto) está na 8ª Serie, estava no Escola João Paulo Fragoso em Coité e agora já estuda em uma escola em Chapada. A jovem disse que só este ano passou por escolas em Jibóia (Retirolândia), São João (Coité), Subaé (Serrinha) segundo ela já está acostumada, mas as vezes não dar tempo nem fazer amizade e tem que deixar a escola.
Redação CN * fotos e vídeo Raimundo Mascarenhas