O deputado eleito Alex Lopes (PMDB), mais conhecido por Alex da Piatã, desde que venceu a eleição no dia 05 de outubro, montou uma agenda de agradecimento dos votos com reuniões diversas com políticos, participando das sessões das câmaras de vereadores nos municípios onde obteve acima de cem votos e com diversos segmentos da sociedade ouvindo as bases e arrumando a linha de funcionamento do mandato. Na manhã de quinta-feira (30), o pmdebista foi a cidade de Araci, onde participou de uma reunião com líderes do movimento associativista organizada pela Central das Associações de Araci e aproveitou a oportunidade para agradecer os 654 votos obtidos no município, correspondente a 2,66% dos votos válidos e fincando na quinta posição entre os votados no município.
Demonstrando conhecimento da região o futuro deputado pediu que organizasse um seminário e fizesse um levantamento das demandas para seu plano de mandato e destacou a importância das estradas que passam em Araci e necessitam ser asfaltada, a exemplo de que liga Santaluz a Nova Soure e Salgadália/Araci, um dos dois trechos que falta ser asfaltada para interligar a BR 101, em Governador Mangabeira e chegando a BR 116/Norte, Araci. “Falta este trecho e aquele ligando a cidade de Ipecaetá ao contorno de Serra Preta com a estrada do feijão”, lembrou.
O deputado eleito citou a necessidade de fazer uma ponte no rio da Caraíba, na divisa de Conceição do Coité com Araci, próximo Tapuio e a construção da barragem do Cruzeiro, no Rio Itapicuru, na região da comunidade de Barreira. A participação de Alex na reunião agradou o tesoureiro da CDA, Ednei Oliveira.
O presidente da Central das Associações – CDA. Antonio Pimentel, agradeceu a presença de Alex e considerou um fato novo, um deputado depois de eleito, voltar para agradecer os votos e solicitar o levantamento das demandas para servir de “norte”, para se trabalhar na comunidade a partir de fevereiro do próximo ano. “Na história da entidade nenhum deputado que recebeu acima 200 votos no município deu resposta aos nossos pleitos”, falou Toinho. Como é chamado Antonio Pimentel.
Toinho disse que conhece bem a Assembleia Legislativa e vai saber ajudar o mandato de Alex a contribuir com as associações e juntos vão elaborar bons projetos para as associações. “O movimento apoiou Alex aqui em Araci e em mais cinco municípios e agora nos resta uma resposta com trabalho”, afirma o lider assosiativista.
“Estou botando fé, acho que nossa entidade encontrou um bom representante”, externou Ednei, enquanto, ao lado do diretor da Associação do Tingui, Irailson da Paz e do presidente da Associação do Pau d’Árco, Derisvaldo Oliveira, contava ao CN um pouco da hstória da entidade criada em dezembro de 2000 com 14 associações e hoje congrega 106.
Situação do sisal em pauta – Antes da fala de Alex, os participantes fizeram uma série de questionamentos. A presidente da Associação de Campo do Elói, Natália Araújo, pediu atenção para os trabalhadores do sisal que vem passando por dificuldade com a seca. “As palhas estão murchando e quase todos os motores de desfibramento estão parados”, relatou. Segundo informações da CDA, existe 400 motores cadastrados e em cada um trabalham de seis a dez pessoas e suas rendas semanal variam de R$ 150 a R$ 170.
Alex mostrou preocupação em sua perspectiva sobre a produção de sisal, principal atividade econômica da região: “atualmente, a juventude não tem motivação para trabalhar no campo de sisal, porque tem outras opções melhores. As condições de trabalho, no meio do tempo, sem equipamento de proteção e sem direitos trabalhistas, não atraem os jovens. Por isso, o sisal é um produto que corre risco de extinção por falta de trabalhador”, alertou.
Quanto a situação atual dos trabalhadores, mediante o clima seco, Alex disse que sua ideia é apresentar uma proposta parecida com o Seguro Defeso, pago pela União aos pescadores artesanais durante os quatro meses em que a pesca fica proibida para permitir a reprodução das espécies. Na região sisaleira, com estiagem de maior ou menor proporção, o sisal murcha durante 04 meses e os motores param e “é necessário que o governo continue com esses trabalhadores”, falou Alex.
O CN encontrou duas situações às margens da estrada que liga Araci à Salgadália, que mostram a realidade relatada na reunião. O agricultor Francisco Bispo dos Santos, 52 anos, residente na Fazenda Lameiro Dantas, 06 km da sede, tem dois motores de sisal e ambos estão parados desde o início de semana e oito pessoas da família estão “paradas em casa”, lamentou.
Para funcionar um motor é necessário dois servadores, quatro cortadores, quatro cambiterios, um resideiro e duas mulheres para estender fibras e “tá todo mundo parado”, voltou a lamentar.
Seu Francisco é dos poucos que acredita no sisal e está plantando mais mudas. “Hoje mesmo plantei mais uma roda”, disse o agricultor. Ele disse também que se aproveita tudo do sisal, inclusive para fazer ração para os animais, porém na região tem muito mandacaru e ainda não está necessitando utilizar.
Esperançoso com as chuvas falou que os relâmpagos dos últimos dias e as nuvens “pesadas” animam a região e três dias depois de chover, o sisal está pronto par ser cortado. Ao saber que Alex da Piatâ estava no município agradecendo a votação e falando sobre o sisal, não encurtou a conversa e disse que “os outros deputados deveria tomar como exemplo”.
Dois quilômetros à frente, na Fazenda Barra, Severo dos Santos, que trabalha com administrador de um motor, para um intermediário e recebendo 50% da renda para pagar todo grupo de trabalho e obter lucro para sobreviver, lamentou também: “Esse motor só funciona até hoje, pois o sisal realmente secou”, informou enquanto arrumava a fibra estendida no varal, ao lado do seu colega Adailton Cruz dos Santos, 28 anos.
Seu Severo dedicou sua vida toda ao trabalho do sisal, onde começou a trabalhar aos seis anos.Diz que se afastou apenas duas vezes desta atividade por causas de longas secas, ou seja, no primeiro momento, oito meses e depois sete.
O CN encontrou nesta fazenda, o menor Admilson Tito dos Santos, 16 anos, que deixou de estudar na quinta série. “Abandonei a escola, mas estou pensando em voltar”, disse o adolescente.
Redação CN