Na próxima terça-feira (21), última semana antes do 2º turno da eleição para presidente, agricultores e agricultoras familiares de todo o Semiárido vão ocupar as ruas de Juazeiro (BA) em defesa do projeto de convivência e para expressar as conquistas e lutas dos povos do Semiárido. O ato público, que pretende reunir cerca de 30 mil pessoas vindas de Minas Gerais e de todos os estados do Nordeste terá concentração na orla nova de Juazeiro a partir das 7h.
Segundo a Coordenadora Executiva da Articulação Semiárido (ASA) pelo estado de Minas Gerais, Valquíria Lima, a mobilização de milhares de pessoas é para anunciar ao Brasil as mudanças significativas que o povo do Semiárido passou nos últimos anos. “Essas mudanças são reflexo de muita luta social, de muita resistência das comunidades, e por estarem vivenciando as políticas públicas de convivência em diversos campos, como da democratização do acesso à água, possibilidades de mais créditos que fortalecem a agricultura familiar e camponesa, programas governamentais de aquisição de alimentos, fortalecimento das sementes, entre outros”, assegura.
Em carta divulgada na semana passada “Pelas vidas e dignidade no Semiárido, apoiamos Dilma”, a ASA atribui ao projeto de convivência construído pela sociedade civil organizada com atuação no Semiárido o impacto da última seca vivenciada na região (2010 a 2013). Apesar de ter sido considerada a pior dos últimos 30 anos – em alguns lugares, dos últimos 60 anos – não causou nenhuma morte humana. “Esse resultado, a ASA credita à sua própria ação e aos programas e políticas governamentais dirigidos ao Semiárido, entre os quais se pode enumerar: Bolsa Família, Bolsa Estiagem, Seguro Safra, Cisternas de Consumo Humano, Cisternas e Tecnologias Sociais para captação de água para produção”, diz um trecho da carta.
O documento afirma que o Semiárido chegou à marca histórica de um milhão de cisternas de placa de cimento construídas, que armazenam 16 bilhões de litros de água da chuva de forma descentralizada ao lado da casa de cada família (nas cisternas, estão guardadas 16 mil litros de água). São mais de cinco milhões de pessoas que bebem e cozinham com essa água. Isso também significa que milhares de mulheres não precisam mais carregar baldes por horas todos os dias para abastecer sua família. Nas propriedades das famílias agricultoras, também estão instaladas 67.780 tecnologias que armazenam água para a produção de alimentos e criação animal. Uma água conhecida como água de comer.
Além da ASA, várias organizações da sociedade civil e movimentos sociais lançaram cartas abertas e documentos em apoio à Dilma, a exemplo da Escola Nordeste da CUT, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e dos Movimentos Sociais de Pernambuco.
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no estado de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros, esse ato “é para evitar a volta de um passado que oprimia os trabalhadores rurais e não dava oportunidades reais de assegurar a cidadania e a dignidade para as famílias agricultoras. Reconhecemos que o projeto político da presidenta Dilma é o que melhor nos representa.”
Dirigente do Movimento dos Atingidos pela Barragem (MAB), Marta Rodrigues, destaca a importância deste momento político não só para o campo, quanto para as cidades brasileiras. “Há a necessidade da população brasileira se articular, não só a rural, mas a urbana, para não dar possibilidades de retrocessos no campo social. Há dois projetos políticos em questão. Um não atende às demandas populares, ameaça a soberania energética, hídrica e alimentar do Brasil. E outro que promoveu alguns avanços sociais com medidas que têm modificado a vida do povo, principalmente as mulheres e a juventude.”
O ato também terá um caráter reivindicatório dos movimentos sociais para que a candidata Dilma assuma, nesta segunda gestão, compromissos em campos com pouco ou nenhum avanço como a demarcação dos territórios das comunidades tradicionais, a reforma agrária, a defesa do direito de comunidades e povos de permanecerem nos seus territórios em contraposição aos projetos do agronegócio, das empresas mineradoras, monoculturas de eucalipto e soja, entre outras culturas que avançam sobre os biomas Cerrado e Caatinga, entre outros campos.
“Nós ainda precisamos avançar muito mais nestes campos”, assegura Valquíria acrescentando que está sendo preparado um documento com os compromissos que os povos do Semiárido desejam ser assumidos por quem conquistar o pleito.
Organização – A mobilização é realizada pela sociedade civil organizada que tem declarado apoio à Dilma. Assinam a promoção do ato: ASA, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), Movimento Sindical, Articulação Semiárido Vivo, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, entre outros.
Sobre o Semiárido – Nesta eleição, as redes sociais voltam a ser canal de expressão de preconceitos contra os nordestinos, revelando que ainda há uma visão estereotipada e desconhecedora da região, que tem caraterísticas semiáridas em 70% do seu território. Comparando com a dimensão nacional, o Semiárido corresponde a 13% de terras brasileiras, porque ainda engloba a parte norte de Minas Gerais e o Vale de Jequitinhonha.
Cerca de 40% da população que vive nos municípios do Semiárido estão no campo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Semiárido concentra 30,5% das propriedades da agricultura familiar de todo o Brasil e lá se encontram 77% dos brasileiros que trabalham no campo.
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