O jovem suspeito de ser o comparsa do adolescente Railan Silva, 17 anos, morto após ser baleado por um policial militar na Faculdade Área 1, na Avenida Paralela, em Salvador, é apontado como primo da vítima e cursa o 7º semestre de Direito. O rapaz, que tem 24 anos, se apresentou e presta depoimento à polícia nesta sexta-feira (24).
Segundo a delegada Andreia Ribeiro, que investiga o caso, testemunhas indicam que ele é o mandante da tentativa de assalto ao PM. Em depoimento à polícia, o jovem negou envolvimento no crime.
“De acordo com o que consta nos autos, ele teria dito que tinha o chassi de uma moto e precisava das peças [da motocicleta do policial]”, relata a delegada. O PM Jorge Figueiredo Miranda, que é estudante Engenharia Civil da Área 1, se apresentou à Polícia Civil no início da noite de quinta-feira (23). A delegada informou que, em depoimento, o policial contou que Railan chegou a ameaçá-lo por desconfiar que ele é policial.
“O policial conta que, quando foi abordado, Railan percebeu que ele era policial e disse que não era para reagir porque iria matar ele. Disse que Railan contou que tinha um comparsa o esperando do lado de fora da faculdade. Aí o policial deu a chave da moto e, quando ele se afastou, o PM atirou. Ele não lembra quantos disparos fez. Railan correu e policial também saiu. Os dois acabaram se encontrando no banheiro novamente e policial conta que resolveu disparar mais vezes. Ele disse que tem cinco anos na polícia e se desesperou com a situação”, relata a delegada.
Os familiares do jovem morto, que negam que ele era criminoso, também prestaram depoimento nesta quinta-feira. Na quarta (22), foram divulgadas as imagens das câmeras de segurança da faculdade, que, segundo a polícia, indicam “movimentação suspeita” do adolescente. Para a delegada Tamara Ladeia, com base na análise das imagens e no depoimento de testemunhas, “fica claro a intenção do Railan de praticar o assalto”.
Jorge Figueiredo também confirmou que os primeiros disparos foram realizados dentro da faculdade. Ele já entregou a arma de fogo de uso particular utilizada na ação – uma pistola 380. Depois de ser ouvido, o PM foi liberado.
Sepultamento
O corpo do adolescente, atingido por cinco tiros, foi enterrado no cemitério Bosque da Paz, em Salvador, na tarde quarta, em clima de comoção de familiares. Germano da Anunciação, tio do rapaz, afirmou que ele não tinha perfil de criminoso e nem passagem pela polícia.
Na quarta, um tio de Railan disse que um perito teria informado que alguém mexeu no local do crime, o que não foi confirmado pela polícia. O comando da PM afirmou que a guarnição tentou garantir um socorro imediato para tentar salvar a vida do jovem.
Redação: CN*informação: G1