A eleição para presidente mais acirrada da história do Brasil pós redemocratização, que resultou na reeleição da presidenta Dilma, contra o senador Aécio Neves, debandou uma série de manifestações preconceituosas nas redes sociais, contra os nordestinos, clamando inclusive, pela divisão terriorial do país.
Postagens como “separa o nordeste do Brasil“, ou “só esses nordestinos burros pra votar na Dilma, fazem 50 filhos igual cachorro e ficam dependendo de bolsa família“, apareceram logo após o resultado que confirmou a reeleição da petista. Outro escreveu “vontade de ir para a África pegar ebola e viajar pro nordeste”, outra twitou “gente burra, suja e desinformada”. Porém, não apenas anônimos expressaram suas frustações com ódio e preconceito ferrenho. Famosos e ‘formadores de opinião’, como Diogo Mainardi, que mora na Itália, colunista da Veja e apresentador da Globo News, também reforçou as ofensas: “O nordeste sempre foi retrógrado, governista, bovino, subalterno. É uma região atrasada, pouco educada e pouco instruída“. É de se lamentar e se indignar. Substimou todo o povo nordestino. Vale ressaltar que não representam todo o eleitorado do candidato do PSDB. É uma parcela que descarrega sua decepção com ódio, preconceito, xenofobia, desrespeito. São pessoas “elitizadas”, que se dizem evoluídas, instruídas, mas não sabem o significado de respeito e tolerância.
Existem inúmeros argumentos para contrapor os vídeos, posts, tuites e comentários xenofóbicos. Mas, como os insultos têm relação direta com os votos da presidenta Dilma, basta apenas ressaltá-los. Ao todo, ela somou 26.627.802 milhões de votos de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Do Norte e Nordeste, região com 16 estados ao todo, a petista somou 23.955.786 milhões de votos válidos. Mesmo considerando apenas Nordeste e Sudeste, Dilma obteve na região dos ‘evoluídos’, dos eleitores ‘bem educados e informados’, mais votos do que na ‘região atrasada’ (que cresce economicamente mais do que a média do Brasil). Ou seja, não se pode afirmar que a eleição dividiu o país, que apenas o norte/nordeste elegeu Dilma Rousself, pois os números das eleições mostram que houve uma mescla do eleitorado.
Vivemos em um Estado de Direito, sob um regime democrático, cujo tem como pilares a liberdade de expressão e o respeito pela escolha e decisão da maioria. O Brasil é um país plural, culturalmente diverso. Não é por conta de uma minoria decepcionada com as eleições que o país vai se dividir. Aliás, a Constituição não permite. Mas, supondo que isso aconteça, prefiro o lado que tem as paisagens mais bonitas, que tem literatura de cordel e cultura popular, tem um povo hospitaleiro, trabalhador, bem humorado, criativo, que come bode assado e dança forró. Oxente!