Após distribuir cem panfletos divulgando recompensa de R$ 5 mil para quem tivesse informações que levasse ao paradeiro do adolescente Davi Fiuza, de 16 anos, que segundo a família desapareceu em 24 de outubro após abordagem policial, a dona de casa Rute Fiuza, mãe do jovem, conta que já recebeu mais de 300 ligações. Entretanto, de acordo com ela, a maioria dos contatos é de pessoas tentando aplicar golpes.
Segundo Rute, em um dos telefonemas, um homem disse que Davi estaria no bairro do Cabula, em Salvador, mas que só diria o local exato após ela depositar os R$ 5 mil. “Eu disse, então, que ele tirasse uma foto de meu filho e mandasse para mim”, afirma.
“Eu já esperava por isso, mas também tem muita gente ligando para prestar solidariedade”, acrescenta a dona de casa.
Rute revelou que já mandou imprimir mais cem panfletos, que serão distribuídos nesta terça-feira, na região do bairro de Itapuã.
O advogado da dona de casa, Luciano Freitas, não aprova a estratégia da cliente. “É responsabilidade das autoridades dar uma satisfação à sociedade, não dela. Isto [a oferta de recompensa] só alimenta esse tipo de ligação, tentativas de golpes. Isso é desumano”, desabafa. “Diante do desespero de uma mãe, uma pessoa querer tirar vantagem. Está acontecendo direto. O telefone toca por segundo”, completa.
O advogado ainda informou que a cliente está com medo de possíveis retaliações. “Veículos suspeitos foram vistos rondando a residência dela, e um carro ficou parado por 15 minutos na frente da casa”, conclui.
De acordo com Rute, a operação policial que ocorreu numa localidade conhecida como Vila Verde, no bairro de São Cristóvão. Ela relata que vizinhos que testemunharam a operação viram o momento em que o filho foi abordado por agentes da Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO), quando conversava com uma moradora da região, e colocado dentro de um carro que não possuía plotagem policial. Na ocasião, Rute Fiuza detalha, com base em informações das testemunhas, que policiais chegaram a amarrar os pés, as mãos e o encapuzaram com a própria roupa.
Em nota, a PM disse que apura a situação e que mãe da vítima e testemunhas já foram ouvidas pela Corregedoria. Já a assessoria da Polícia Civil informou que não havia recebido queixas sobre o caso, nem no Departamento de Polícia Técnica (DPT), nem na 12ª Delegacia, que cobre a região.
Rute Fiuza conta que, desde o desaparecimento do filho, percorreu delegacias, Insituto Médico Legal e até locais de desova de corpos. Ela afirma que toda família está mobilizada em busca de notícias sobre o jovem. “Coloquei minha casa à venda para juntar dinheiro. Já não tenho mais o que fazer. Tenho certeza que, se fosse filho de algum general, algum deputado, não seria assim. Como abaixo de Deus só está o dinheiro, então oferecer a recompensa é a única coisa que vem em minha mente”, afirma.
Fonte: G1BA