2014 entra para a nossa história como o ano que aconteceu. E de fato, de tudo um pouco ou muito aconteceu e ainda está acontecendo. A melhor prova disto está na tensão pós-eleitoral evidenciada nos debates que ocorre nas redes sociais.
Desde a redemocratização, nunca se viu um pleito tão acirrado. Porém o grau de partidarização que assolou a disputa tem gerado mais calor que luminosidade. Sem desprezar a importância das paixões nos grandes embates, chega uma hora em que as energias precisam projetar luzes sobre o presente a fim de visualizarmos as trilhas para o futuro.
Está na ordem do dia a reforma política. As distorções do nosso sistema eleitoral mais uma vez manifestadas neste pleito, somadas as denúncias de corrupção pelo País afora, não deixam dúvidas quanto ao seu imperativo. Porém, será que as forças políticas terão a capacidade de estabelecer diálogos em níveis que nos conduza a um novo pacto social?
As sociedades compõem-se de forças políticas e econômicas com interesses conflitantes. Para garantir sua harmonização, o Estado, antes dos Governos, precisa de legitimidade e sua legitimação só é alcançável por meio de uma relação honesta com a sociedade. Só o Estado em que o cidadão se reconheça é capaz de assegurar a ascensão e preservação de Governos legítmos. Portanto, a reforma política de que realmente necessitamos não se restringe apenas ao sistema eleitoral, devendo abranger uma revisão da própria estrutura do Estado Brasileiro.
A Legislatura que se iniciará em fevereiro de 2015 tem nesse debate o seu grande desafio. Só que para o seu êxito, é indispensável superar as históricas posturas do situacionismo acrítico e da oposição sectária. Estabelecer novos paradigmas no parlamento é indispensável a que a política seja aquilo que os Gregos preconizavam: o meio da realização do bem comum.
Neste sentido, a sociedade é chamada a assumir um papel mais proativo na rotina dos parlamentos. Se a política a todos afeta, então a todos deve interessar. Isto só será possível se os interesses comuns ocupar o centro da ação parlamentar, sem os subterfúgios que ultimamente tem construído uma imagem negativa das nossas instituições.
Sem abrir mão de suas convicções, as forças políticas precisam aceitar a decisão das urnas. No bom jogo democrático, os eleitos devem assumir suas responsabilidades governamentais, com os seus ônus e os seus bônus e aqueles que perderam não podem se furtar ao debate. Se aos vencedores não pode faltar a magnanimidade, aos vencidos deve sobejar a grandeza quanto a consciência de sua institucionalidade.
ALEX LOPES
VICE-PREFEITO DE CONCEIÇÃO DO COITÉ E DEPUTADO ESTADUAL ELEITO