O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, nem sequer se deu ao trabalho de alegar-se suspeito ao produzir um relatório em que defende a reversão das punições aplicadas a executivos e ex-executivos da Petrobras responsáveis pela compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. É que o filho dele, Tiago Cedraz, não apenas já teve o nome citado na Operação Lava Jato como também atuou na intermediação da venda – igualmente suspeita – de uma refinaria da Petrobras em San Lorenzo, Argentina, a um empresário do jogo.
O TCU concluiu em julho do ano passado que houve dano ao erário de US$ 792 milhões na aquisição da refinaria, em 2006, e determinou a indisponibilidade do patrimônio de 11 executivos para resguardar eventual ressarcimento aos cofres públicos – os integrantes do Conselho de Administração da empresa, à época presidido por Dilma, foram isentados de culpa no negócio, apesar de terem autorizado a compra.
Cedraz pediu vista do processo em agosto, quando o plenário discutia a possível inclusão da atual presidente da companhia petrolífera, Graça Foster, entre os responsáveis pelas irregularidades. Desde então, ele não havia se pronunciado ou devolvido o caso para a conclusão do julgamento. A demora na apreciação impede que o bloqueio de bens, por ora suspenso, seja efetivado na prática.
Venda suspeita
Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, atuou na execução do contrato que previa pagamento de propina de US$ 10 milhões em caso de venda da refinaria em San Lorenzo. Ele era sócio do escritório Cedraz & Tourinho Dantas, uma das partes do contrato que previa repasse de uma “taxa de sucesso” de US$ 10 milhões caso se concretizasse a venda da refinaria a um empresário do jogo na Argentina.
O lobista e engenheiro João Augusto Rezende Henriques, ex-servidor de carreira da Petrobras, revelou que contratos da área internacional da estatal — entre eles o referente à venda da refinaria em San Lorenzo — serviram para o pagamento de propina a parlamentares do PMDB. O filho de Aroldo Cedraz confirmou ao jornal O Globo que os “honorários” deveriam ser repassados a terceiros.
O despacho de Aroldo Cedraz foi concluído em 29 de dezembro, três dias antes de ele assumir o comando do TCU – e, por norma da corte, deixar de participar de julgamentos. A manifestação ocorre num contexto de pressão do governo e da Petrobrás, nos últimos meses, para que os ministros recuem das determinações do julgamento de julho.
As informações são do Site Diário do Poder