Foi publicada nesta quarta-feira (14) a primeira edição do jornal satírico francês Charlie Hebdo após o atentado terrorista à redação do veículo, na quarta-feira (7) da semana passada, que findou na morte de 12 pessoas. No entanto, a decisão em publicar uma nova charge do profeta Maomé na capa da edição histórica do jornal gerou reações negativas de líderes islâmicos. Para o secretário-geral da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), Iyad Amin Madani, a atitude do jornal francês foi “insolente, ignorante e irresponsável”.
Madani destacou que o mundo islâmico condenou os ataques terroristas e participou da marcha que reuniu 1,5 milhão de pessoas no último domingo (11), em Paris. Entretanto, o secretário-geral da OIC ressaltou que essas pessoas marcharam pela liberdade de expressão, mas “essa liberdade não pode atingir a crença de outras pessoas”.
O ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que “valores e crenças precisam ser respeitadas para que haja um diálogo sério com o Ocidente”. Outra vertente que se manifestou foi o grupo Hamas, movimento islâmico fundamentalista. Em Gaza, o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, condenou a charge. Segundo Barhoum, a publicação “é claramente um ataque aos muçulmanos, é uma motivação para o ódio e a consolidação do ódio contra os muçulmanos no mundo e na França.”
A capa do jornal traz uma charge de Maomé com lágrimas nos olhos, segurando uma placa onde tem escrito “Je suis Charlie”, que significa “Eu sou Charlie”, a mesma expressão usada por milhões de manifestantes que marcharam pelas ruas da França em apoio ao jornal. No topo, o título: Tudo está perdoado. A edição do Charlie Hebdo tinha tiragem prevista de 3 milhões de exemplares, mas, com a grande demanda registrada nesta manhã, foi ampliada para 5 milhões, número mais de 80 vezes maior do que a circulação normal, de 60 mil.
Metro 1