O município de Campo Formoso passa por um momento político de instabilidade. Além de a prefeitura estar sob o comando do presidente da Câmara de Vereadores, o recém-chegado ao cargo, Nagy Martins (PHS), declarou que a gestão passada deixou rombo de aproximadamente R$ 13 milhões.
Segundo informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Campo Formoso, quando o novo prefeito assumiu em 2015, ele e toda sua equipe passaram a receber cobranças, tanto de empresas quanto do Instituto de Previdência de Campo Formoso (IPCF), já que não houve repasse de maio a dezembro de 2014, um montante de mais ou menos R$ 5 milhões.
A Coelba e a Embasa sinalizaram a falta de pagamento da prefeitura, em valores de R$ 290 mil e R$ 134 mil, respectivamente. O Hospital São Francisco, que recebe da prefeitura R$ 89 mil, alegou falta de repasse em novembro e dezembro. “A informação que tem da contabilidade é que foi deixado quase nada no cofre da prefeitura. Um dos grandes problemas foi o não pagamento do salário de dezembro dos funcionários da prefeitura”, disse a assessoria.
Na última terça-feira (20), houve uma reunião entre o promotor de Campo Formoso e o sindicato dos professores para resolver a situação. Segundo informações da prefeitura, foi realizado o pagamento do mês de janeiro, com recursos do Fundeb 60 (para professores) e do Fundeb 40 (para servidores de apoio da educação, como serviços gerais e portaria).
Em entrevista, o vereador Elmo Nascimento (PR), ex-presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso e à frente da prefeitura por cerca de um ano e meio, diz que sofre perseguição. “Infelizmente a politicagem em campo Formoso é muito forte, principalmente depois do processo eleitoral que Elmar [Nascimento, do DEM] encabeçou por crime eleitoral do deputado Adolfo [Menezes, do PSD], inclusive que ele renunciou o mandato por reconhecer que cometeu crime eleitoral. Eu, por ser irmão de Elmar, eles vêm perseguindo, criando mentiras em cima de meu nome”, disse o vereador.
A ação judicial à qual Elmo Nascimento se refere impediu que o deputado Adolfo Menezes, eleito à prefeitura do município em 2012, tomasse posse, sob a acusação de usar indevidamente veículos de comunicação e recursos financeiros. O processo espera por julgamento do ministro Gilmar Mendes, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, o relator do processo emitiu liminar que dava a chefia do executivo municipal ao presidente da Câmara de Vereadores.
Sobre as dívidas, o vereador Nascimento explicou que mais de R$ 1,2 milhão da Saúde não foi repassado pelo governo federal até 31 de dezembro. “A conta de luz ficou R$ 198 mil reais, mas eu quero informar que tenho documento em mãos que regularizei o débito de R$ 426 mil. Paguei mais do que deixei. O que eu regularizei de outras gestões foi muito maior do que ficou”, continuou.
O vereador questiona o comportamento do atual prefeito, Nagy Martins, que “até outubro estava tudo normal, mas só mudou de opinião depois que ficou no lado do deputado Adolfo”. O deputado Adolfo Menezes acredita que o deputado Elmar Nascimento e seu irmão, o vereador Elmo Nascimento, usaram a prefeitura “só para fazer política”, já que não fizeram nenhuma obra na cidade.
O deputado Elmar Nascimento rebateu a acusação, sugerindo que se Menezes tivesse alguma denúncia sobre favorecimento, “que ele denuncie ao Ministério Público, sob pena de estar prevaricando”. E alertou que qualquer coisa que for publicada sobre seu irmão, o autor vai responder criminalmente. Ainda segundo o deputado, “não existe débito de R$ 13 milhões. A única coisa que existe pra pagar é o salário de dezembro”.