O episódio da morte de um cachorro e ferimento de outro a tiro de espingarda no Distrito de Salgadália – Conceição do Coité vem dando o que falar. Primeiro compareceram a Delegacia de Polícia na manhã de segunda-feira, 09, os agricultores José Pereira Gomes, 88 anos, e Félix dos Santos, para prestarem queixas, que um grupo de pelo menos 10 homens, quatro deles usando espingarda estava atirando em todo cachorro que encontravam pela frente sob alegação que os animais haviam invadido propriedade deles e matado criações, e ao chegarem a casa de José Pereira encontraram seu cachorro e atiraram contra o animal o deixando ferido. O Cachorro de Félix também recebeu tiro e acabou morrendo na hora.Ambos garantiram que seus cães não eram criados soltos.
O grupo formado por 10 homens se reuniu com outros cinco, todos criadores de caprinos e ovinos e se deslocou até a sede de Conceição do Coité, na manhã deste quarta,11, a fim de também prestar queixa que segundo eles, a imagem que ficou depois da reportagem publicada no Calila Noticias e que ganhou repercussão em outros meios de comunicação, foi de pessoas irresponsáveis e criminosos, então procederam da mesma forma, procuraram a Delegacia para pedirem providencias e ressarcimento dos prejuízos que vêm sofrendo a anos, com a morte de centenas de criações, e garantiram que os cachorros de Dedé como é conhecido José Pereira e o de Félix são os mesmos que atacavam seus rebanhos.
Após passarem pela Delegacia, o grupo foi até o escritório de Advocacia onde encontrou o advogado Leonardo Guimarães que ouviu cada um lamentando perdas, uns de sete cabeças, outros 15, e teve um que garantiu ter perdido mais de 100, todos atacados por cachorros. Foi feito um calculo que deixou um saldo estimado em R$ 100 mil de prejuízo juntado todos os criadores.
O advogado conhecido por doutor Leonardo ao tomar conhecimento do caso disse que causa espantado a capacidade que as pessoas têm de tentar virar a mesa, “a gente consegue ver alguns absurdos, mas esse talvez da minha carreira tenha sido o maior.Você tem 15 pessoas que juntas me reportaram o prejuízo de aproximadamente cem mil reais, e assim ainda são réus de processo pela morte de cachorro.Não é nenhuma apologia a nenhum tipo de distrato animal, mas tem que se pensar no prejuízo que esses cidadãos sofreram para um assunto que é recorrente, não só na Bahia, que sabe no Brasil, de pessoas que pegam os animais (cachorros) e simplesmente abandonam na rua, ai vai se reproduzindo sem nenhum controle, e esses animas passam a ser uma ameaça a toda coletividade,” afirmou o advogado.
Dr Leonardo demonstrou preocupação também na possibilidade de uma ovelha por exemplo ser mordida e não morrer e sua lã cobrir o ferimento e ali fique infestada por exemplo a raiva, ou alguma outra bactéria, já que cachorro são transportadores de muitas bactérias, essa criação é abatida e vai para a mesa das famílias, podendo ter consequências serias.
O CN questionou o advogado sobre a lei que pune pessoas pelos maus tratos aos animais, e segundo ele existe uma legislação bem especifica quanto a isso, mas que tem todo um processo atrás disso, “não é só eleger aleatoriamente um culpado dizendo foi esse, e esse vai ser o responsável, até porque tem a questão ai dos prejuízos que o animal causou.Então me parece que antes de qualquer coisa é uma inversão de valor, me parece que é alguém atacando pra tentar se proteger de um eventual processo”, finalizou o advogado.
Um dos 15 produtores que pediu para não ser identificado disse que não sabe quem atirou contra os cachorros, garantiu que são inúmeros criadores que vêm sofrendo prejuízos, e para ele se continuar essa situação não vai mais existir carne de caprino e ovino, pois muitos criadores estão desanimados e falando em deixar de criar, “os criadores todos com as mãos calejadas e furadas de espinhos para manter os animais pra chegar e ver a roça alastrada de bicho morto, e chegou a uma proporção que tem que dá um basta, não é possível continuar dessa forma”, disse o produtor.
Redação CN * Fotos: Raimundo Mascarenhas e encaminhadas pelos produtores.