O sentimento de revolta dos agricultores José Pereira Gomes, 88 anos, e Félix dos Santos, resultou no deslocamento de ambos, da Comunidade de Bosque, na região do Distrito de Salgadália-Coité, até a Delegacia de Polícia na sede do Município no inicio da tarde deste segunda-feira, 09, com objetivo de prestarem queixas contra vários homens que na manhã de domingo teriam disparado tiros de espingarda contra o cachorro de José Pereira, que é mais conhecido por Dedé, deixando gravemente ferido e também contra o cachorro de Félix que morreu na hora.
Os dois disseram na delegacia que conhecem os autores dos disparos que mataram e feriram os animais, e contaram que alegaram que os animais haviam invadido uma propriedade e matado algumas ovelhas, “se juntaram uns dez homens, pelo menos quatro deles com espingarda e saíram atirando em todo cachorro que encontravam pela frente”, disse Seo Dedé.
O aposentado contou ao Calila Noticias que não estava em casa, e que foi até bom, pois segundo ele, tem uma espingarda e se os homens chegassem atirando com ele lá o problema poderia ser pior. ” Eu sair cedo pra trabalhar e deixei a sogra de Félix que me ajuda lá em casa, quando cheguei sem saber de nada, ela começou a me contar que os homens chegaram invadindo o quintal e já foram atirando contra o cachorro. Se eu estou lá ontem eu matava um, mas eu resolvi hoje vim da parte na autoridade para acabar com esse negócio que não é a primeira vez, ou acaba ou a gente se devora, se é pra começar a guerra civil então vamos fazer fogo”, alertou revoltado Seo Dedé, que tem uma atenção muito grande com animais.
Segundo o sobrinho Jaelton Pereira, desde o momento que soube do ataque ao seu cachorro, ele ficou deprimido e não quis nem se alimentar, disse também que Dedé mora sozinho e tem o cachorro e cerca de onze gatos como companhia, ” jogaram quatro gatos no terreiro dele para se livrarem e ele passou a cuidar dos animais, hoje tem uns onze e recebem todo carinho do velho”, contou o sobrinho.
José Pereira garantiu na Delegacia que seu cachorro não sai de casa e não esteve na propriedade alheia matando criação. O cachorro de Zé, segundo ele, está chumbado e se encontra entre a vida e a morte.
Félix disse que o cachorro de sua casa pertence a sua filha e foi morto quando sua sogra saiu de sua casa com a filha de 10 anos para ir até a casa de Dedé pra fazer as coisas na casa dele, ” ai me sogra disse; ou Kellly vamos pra casa de Dedé mais eu, ela disse eu vou vó, ai abriu o portão, quando o cachorro saiu fazendo festa na frente dela, como é de costume, ao chegarem no portão da casa de seo Dedé, eles já vinham de lá pra cá enrabando um cachorro branco, quando encontrou o meu mesmo de testa, meteu fogo e matou. Eu fiquei muito revoltado, e perguntei o motivo, pois o cachorro dormiu preso e só foi solto naquele hora. O cachorro era criado na mamadeira pela minha filha, pense que me revoltou e se eu tivesse com um facão na hora a coisa não ia ser boa. Tirou a vida de um cachorro, tirou a vida de um ser humano”, finalizou Félix.
Os agricultores deixaram a Delegacia com a intimação para ser entregue aos acusados, para prestarem depoimento.
Pena
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou um projeto de lei que endurece a punição para crimes cometidos contra cães e gatos. A proposta, prevê pena de 3 a 5 anos de reclusão para quem causar a morte de animais domésticos. Em casos de morte por envenenamento, fogo, asfixia, espancamento, arrastamento, tortura ou outro meio considerado cruel, a pena pode subir para 6 a 10 anos de prisão.
Atualmente, a Lei 9.605/88 prevê detenção de três meses a um ano e multa para maus-tratos contra animais.
O projeto também prevê sanções de 3 a 5 anos de reclusão para quem abandonar animais domésticos em propriedades públicas ou privadas e para quem promover algum tipo de luta entre cães. Deixar de assistir a algum cão ou gato em situação de perigo prevê punição de 2 a 4 anos de detenção. Se em alguma dessas condutas o animal sofrer mutilações ou perda de algum membro ou órgão, a pena prevista será aumentada em um terço.
Redação CN