A Praça São João em Barrocas, no território do Sisal, talvez nunca tivesse recebido um público tão grande para curtir apenas show voltado para a música gospel. Segundo a coordenação da festa aproximadamente 10 mil pessoas compareceram, além de moradores da cidade, havia caravanas de dezenas de municípios da região, algumas pessoas viajaram até mais de 100 km para assistir a apresentação do padre “bola da vez’ da música religiosa, Alessandro Campos, apresentador de um programa na TV Aparecida de São Paulo.
A festa com o padre Alessandro marcou o 15º aniversário de emancipação política e administrativa de Barrocas, considerado o município caçula da Bahia, juntamente com Luiz Eduardo Magalhães, no Oeste do estado.
A multidão cantou e se emocionou com as canções do religioso, mas algumas pessoas chegaram a vaiá-lo pelo atraso do show que estava previsto para às 19h, horário que a frente do palco já estava completamente lotado, mas que só teve inicio por volta das 22h. Três horas de atraso, muitas pessoas idosas durante todo esse tempo em pé aguardando, e a vontade era tanto que a todo instante que o locutor informava que o padre cantor estava chegando, era ouvido gritos das pessoas, mas o está chegando quando a população já estava cansada de esperar, resultou em vaias, até que finalmente apareceu no palco, e, parece que logo foi perdoado, pois, na ausência vaiado e na presença ovacionado.
Não teve o pedido de desculpas pelo atraso (dele próprio, já que a banda chegou cedo) nem justificou o motivo para as pessoas de até mais de 80 anos, apenas informou que estava previsto uma hora e meia de show e iria compensar com três horas, perguntava se o povo estava cansado. Momentos de oração e mensagem de otimismo, intercalavam o repertório musical que iniciou com a mais tocada do CD “O Que É Que Eu Sou Sem Jesus?”. Mas com repertório diversificado Alessandro cantou canções dos padres Zezinho, Antônio Maria, Marcelo Rossi entre outras da música gospel, e como faz um programa sertanejo na TV Aparecida fez homenagem a Zé Rico que morreu no inicio deste mês, cantou musica de Chitãozinho e Chororó, Leandro e Leonardo, Zezé e Luciano, além de outros.
“Nos últimos tempos não tenho tido folga nem descanso porque quero realmente trabalhar muito para o reino de Deus”. Comenta Padre Alessandro ao falar do sucesso e da agenda apertada entre shows e trabalho em Aparecida. “Eu me considero primeiro padre, pra mim é o essencial, depois sou artista, cantor. Então não sou um artista padre, mas sou um padre artista de Jesus Cristo, disse em entrevista ao CN”.
O prefeito municipal José Almir Queiroz assistiu ao show ao lado do vice “Tita de Roque” em cima do palco, lamentou bastante pelo atraso, principalmente pelas pessoas idosas,” atrasou muito e eu não entendi o motivo. A banda chegou cedo, coordenador de produção pediu que as pessoas descerem porque queria o palco livre para montar os equipamentos, o pessoal atendeu, os músicos afinaram os instrumentos, tudo pronto e nada do padre que estava hospedado em Serrinha, passei a ligar quando sentir o desconforto das pessoas, até que finalmente quando as pessoas já cansadas de tanto esperar ensaiaram vaia e em seguida ele subiu no palco, não fosse esse atraso diria que foi um show completo”, avaliou o prefeito.
Barrocas comemora aniversário sempre dentro da semana santa, por ser um município onde o catolicismo é muito forte, desde a sua criação em 30 de março de 2000, as festas são moderadas, ou seja, não existe o ‘pancadão’ o ‘paredão’ que dão espaço sempre ao repertório gospel e musicas eruditas. Já passaram pela festa de aniversário os padres Zezinho e Antônio Maria, cantores da Canção Nova Laércio e Adriana, Banda cantores de Deus e Rosa de Sharon.
Equipe de produção muito indelicada – A imprensa não ficou nada satisfeita com um produtor da equipe do padre Alessandro que tratou muito mal repórteres e até mesmo pessoas de Barrocas envolvidas diretamente com a realização da festa, que tiveram o cuidado de confeccionar crachá de identificação, e nem assim foram respeitados pelo produtor que fez descer do palco, igualando o padre a maioria dos artistas de outros ritmos musicais, situação de empurrar um repórter somente por ter tentado saber o que motivou o atraso.
” Qualquer pessoa imagina que chegando em um show desse tipo vai encontrar pessoas sensatas, educadas, cristãs, receptivas, mas não foi o caso, não quero generalizar, foi apenas um que coloca o rebanho todo a perder”, contou revoltado um coordenador depois de ter que descer do palco.
Redação CN/ fotos: Raimundo Mascarenhas