Quem nunca ouviu a frase “cachorro não gosta de carteiro?” É muito comum e parece ser realidade, tanto que já teve campanha dos Correios pedindo ao morador para facilitar o local de entrega de correspondências para que seja evitada a aproximação do carteiro ao cão. Em desenhos animados também aparecem cenas envolvendo os dois personagens.
Mas esse problema parece não incomodar nem amedrontar João Lopes da Cunha Santos, carteiro em Coité a cinco anos, disse que já ouviu a frase que cachorro odeia carteiro, mas garante se for verdade, ele é a grande exceção.
“Dizem que o cachorro não pensa, por ser irracional, mas eu tenho as minhas dúvidas. Onde eu chego eles não me assustam, acho que o tratamento que dou, eu tenho no carro (dos Correios) sempre um quilo de ração para cachorro e um quilo para gato, e quando sei que o animal está com fome, rasgando sacola de lixo, vou lá e coloco a ração. Eu sou um carteiro mas tenho a função social, até porque o estado é omisso a essa parte de tratar dos animais, então passo a fazer a minha parte, inclusive pessoas chegaram pra mim e disseram que a minha atitude em agachar em plena atividade de carteiro para colocar ração no meio da rua, algumas pessoas já me disseram que estão fazendo o mesmo”, falou com alegria o carteiro.
João falou também ao CN que onde estiver vai estar prestando seu serviço social, falou que encontrou um cachorro com a perna quebrada e prestou socorro levando a uma clinica veterinária e que tem uma despesa mensal de aproximadamente R$ 40 de ração, que fica no carro dos Correios usado por ele.
Mas para quem pensa que João tem vida fácil está enganado, dorme apenas quatro horas por dia, já que precisa se desdobrar levantado às 06h em Valente, pega sua motocicleta e segue até Coité distante 27 km, cumpre sua obrigação de carteiro e vai para casa de parente tomar banho, mas a jornada ainda não terminou, com pouco tempo para tomar banho e se arrumar para pegar o ônibus com destino a Feira de Santana onde cursa Direito em uma faculdade, (melhor que no fim do ano já se forma), após a faculdade novamente pega o ônibus com destino a Coité, uma hora e meia de viagem, chegando por volta 01h da madrugada, para os seus colegas já estão em casa, mas lá vai João novamente pegar sua moto para Valente onde está sua esposa e um filho de apenas quatro meses a sua espera.
Depois de tudo que foi contado da vida de João, percebe-se que o único horário que ele pode ajudar mesmo os animais, é quando está indo de casa em casa entregar correspondências.
O carteiro amigo do cão disse que é projeto oficializar uma Associação de Proteção dos Animais, que segundo ele já existe formalmente em Valente onde reside, mas pretende futuramente buscar apoio e dar a atenção necessária aos animais, de maneira especial aos cachorros.
Redação CN