Depois da sessão realizada no início do mês pela Comissão Especial de Assuntos Territoriais e Emancipação da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) onde ficou decidido que a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) irá fazer uma consulta popular nas comunidades envolvidas na questão das divisas entre os municípios de Ponto Novo e Queimadas para saber a qual município a população quer pertencer, isentando os prefeitos dos dois municípios desta decisão, parece que o problema está cada vez mais perto de ter um fim. Uma das comunidades envolvidas na questão, o Riacho dos Pilões, a mais habitada foi visitada na segunda-feira (20) por uma equipe do CN, que conversou com a população e conheceu de perto o problema.
Localizada a 7 km da BR 407, entrando a direita, sentido Capim Grosso/Senhor Bonfim, no Povoado de Vila Cardoso, Riacho dos Pilões é formado por agricultores familiares, a exemplo de José Francisco dos Santos, 58 anos, que há 38 residente na comunidade. Ele lembra que primeiro a área pertencia ao município de Saúde, depois com a emancipação, passou a pertencer a Caldeirão Grande e por último, obedecendo a série de emancipações ao longo do tempo, passou a pertencer ao município de Ponto Novo.
José Francisco contou das dificuldades dos moradores pela distância para as sedes municipais, a começar pelos municípios em questão, ou seja, Ponto Novo, 40 km e Queimadas,72. “O povo da região faz feira em Capim Grosso, mais ou menos 40 km, questões relacionadas a saúde, quando é urgência, Senhor do Bonfim ou Jacobina, problemas em cartórios, Ponto Novo. As coisas aqui são difíceis”, desabafou o agricultor.
Na área em questão, aproximadamente 70 famílias moradoras no território de Queimadas, votam em Ponto Novo e as crianças estudam em prédios escolares dos municípios de Queimadas, Ponto Novo e Capim Grosso.
A dona de casa que se identificou apenas por Maria, 52 anos, eleitora de Ponto Novo, denunciou que o único “produto” valorizado pelos políticos na região são os alunos e no tempo de matriculas chegam a ser comercializados por cesta básica ou material escolar para serem matriculados em determinado município com forma de arrecadarem mais e valorizar os cabos eleitorais que colocam seus carros para servir ao transporte escolar.
Pela indefinição da legalidade da área, a Prefeitura Municipal de Ponto Novo mantém dois carros, Caldeirão Grande dois, Capim Grosso dois e Queimadas um veículo. Na região existe apenas dois prédios escolares, a escola São João pelo município de Queimadas, onde estudam 15 alunos pela manhã e a do Riacho dos Pilões, Ponto Novo, onde estudam 10 alunos pela tarde.
O professor Teobaldo da Silva Sobrinho, 42 anos, presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Várzea Cumprida, ensina nas duas comunidades e lamenta a falta de atenção pelas duas Prefeituras. Ele acompanhou a equipe do CN aos dois prédios escolares, começando pela Comunidade de Várzea Cumprida, onde reuni a associação uma vez por mês e são lecionadas as aulas no matutino. Nesta escola estuda a mais nova do professor, Alana Santos Silva, cinco anos.
Quando ao prédio escolar pertencente a Ponto Novo, ele lamenta a falta de atenção da Secretaria de Educação e diz ter reclamado várias vezes a reforma, a começar pela porta de entrada,toda quebrada e nunca fecha.
Numa demonstração de como a região é dividida, o professor Teobaldo da Silva, é eleitor de Queimadas e sua esposa Elisângela dos Santos, de Ponto Novo. Em meio a conversa, ele repete o quanto a região é esquecida pelos poderes públicos municipais e destaca a presença dos governos federal e estadual através dos movimentos sociais.
As placas das obras governamentais se relacionam a Queimadas, mas estão no território de Ponto Novo. A maior barragem da pública da região, a do Riacho dos Pilões, foi construída pela Prefeitura de Queimadas.
Outra informação passada ao CN dá conta que essa disputa é por conta de um morro, segundo conversa na região, onde estão fazendo estudos da possibilidade de encontra minério.
O prefeito de Queimadas, Tarcísio Pereira (PR), destacou que ouvir a população será extremamente importante. “As populações que moram em divisas de municípios pequenos terminam sofrendo muito e, às vezes, a culpa cai nas costas dos prefeitos. Eu não acho isso apropriado porque temos que dividir as responsabilidades. Então, nada mais justo que ouvir a comunidade para saber realmente onde eles querem morar”, afirmou.
Com essa posição do prefeito de Queimadas, o prefeito de Ponto Novo, Adelson Maia, também não abri mão de sua posição em relação ao impasse, veio a decisão de ouvir a população.
Segundo o prefeito Adelson, a questão envolve 130 famílias em 10 comunidades, hoje no território de Queimadas, que ficam mais perto de da sede de Ponto Novo e utilizam atualmente serviços prestados por Ponto Novo e mais de 80% desses moradores votam no município.
Redação CN