Quando me entendi como gente, segundo a minha mãe eu deixe de ser um pouco problemático. Essa informação foi há vinte anos, agora imagine o quanto eu era “problemático”? Nem eu sabia avaliar essa situação, mas os anos nos amadurecem e enxergamos o quanto, realmente, somos problemáticos. Mas, qual era o meu problema? Uma das problemáticas era “fobia social”, tinha medo de participar de multidões, não gostava de muita muvuca, sempre na minha. O que incomodou algumas colegas da classe e apelidavam-me de…deixa pra lá.
Mas, bem cedo descobrir que o homem era valorizado por aquilo que ele tinha, e como não tinha muito pra oferecer, não era bajulado e, minha caminhada era ficar à parte, evitando ser o que não era. Aqui eu estava correndo de ser um problemático daqueles com pose de ser o que não era. Ainda bem que conseguir ouvir a voz da humildade. Deixava de ir as baladas preferindo ir a Igreja, onde conseguia repetir minhas roupas, pouco estava preocupado com grifes ou marcas famosas. Tudo isso era por que eu já compreendia que eu era problemático e queria deixar de ser…
Eu diria que nós temos uma tendência a ser problemático? Digamos que sim! Do ponto de vista do que aprendemos e do que herdamos dos nossos pais. O maior aprendizado é a família. Onde não podemos negar a genética que é transmitida através do sangue, bem como, o que aprendemos e como aprendemos. Temos então, emoções aprendidas e emoções herdadas.
Temos conhecimento dessa realidade não agradável, portanto, conscientes de que “somos problemáticos por natureza”, sendo um trabalho inverso, o que se diz: “convertei os vossos pensamentos”. Ou seja, inverter de cabeça para baixo, fazer e forma diferente o que era rotineiro ou deixar de fazer determinado ato. São atitudes a serem tomadas para não sermos “problemáticos” até ao final da vida.
Temos muitos vícios e muitos desconhecemos como vício; temos sentimentos que nos agarramos como meios de aliviar alguma dor e ficamos obsessivos; existe liberdade temos pra caminhar as ruas da cidade, mas dentro de nós mesmos, internamente somos prisioneiros de nossos maus sentimentos e nos tornamos “problemáticos”.
São vários as desculpas ou estratégias que nos agarramos para não enxergar o que realmente somos, infelizmente, existem sentimentos e pensamentos que jamais iremos nos libertar, porque somos um ser – por natureza, hereditariamente tendenciosos à praticar o que é ruim para nós mesmos.
Temos tendências incríveis de, até mesmo, criarmos problemas onde não existem. Que coisa não é? Criar um problema sem ao menos ele existir? Isso é coisa de quem não tem o que fazer? Não é não! É coisa de quem falta a lógica. Vive sem dialética, melhor dizendo, é quando temos duas ideias contrárias que tem um único objetivo a fim de encontrar o que é lógico. Por fim, só poderemos deixar de ser problemáticos quando pensarmos na vida, analisarmos a nós mesmos, não sermos um fardo na vida do outro, não transferir nossas responsabilidades para os outros, o que na verdade deveremos ser simpáticos com os outros: resolvido a sua problemática?
Ângelo Almeida, Psicanalista, Teólogo, Escritor, Professor em Filosofia
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