Todos sabem que quem é pai ou responsável por estudantes de nível fundamental ou médio, principalmente, precisa conversar com estes alunos sobre a vida escolar deles, mas há uma grande distância entre o que se sabe que deve ser feito e o que se faz, no dia a dia.
A escola não é como um forno onde se coloca a massa pelo tempo necessário e se espera sentado até que o bolo saia pronto, no final. Os adultos precisam acompanhar todo o processo de formação das crianças, adolescentes ou jovens, procurando saber, não apenas do desempenho dos alunos em testes e provas, mas principalmente sobre o dia a dia deles em sala de aula e fora dela.
O problema é que, como dizia o Dr. Ângelo Gaiarsa, não existem escolas para ensinar as pessoas serem pai e mãe. Muitos pais e mães ou responsáveis não sabem como acompanhar a vida escolar e o crescimento de seus filhos e a paternidade evidentemente não é algo que se dá pelo simples laço sanguíneo, de forma que o papel dos pais e dos chamados responsáveis é o mesmo, em muitos aspectos do desenvolvimento humano.
A maioria destes pais ou tutores dos estudantes, em nossa região, está longe de compreender o que seja a ideia de comunidade escolar, nem sabem como abordar os estudantes sobre sua relação com a escola. Muitos adultos pensam até que, pelo fato de seus filhos serem quietos, estão indo muito bem na escola. Não é bem assim. Alunos que não atrapalham, mas que também não participam das atividades propostas, ou participam de forma apática, estão com sua aprendizagem tão comprometida quanto a daqueles que causam problema dentro e fora de sala de aula.
Tudo leva a crer que, se as escolas dispensassem, por uma semana que fosse, as turmas de estudantes e enchessem as salas de aula com turmas de pais ou responsáveis para ajudá-los a entender como a aprendizagem e o mundo funcionam, na semana seguinte, é possível que os estudantes voltassem melhores. Talvez a principal informação que se deveria transmitir aos pais, nessa ocasião, é de que precisam encontrar um jeito de dialogar mais com os adolescentes e jovens, não só sobre educação, mas sobre a vida.
A escola não serve só para preparar mão de obra, mas principalmente serve para preparar gente sã que possa melhorar a sociedade insana. Mas, quantos pais, quantos comerciantes, quantos líderes civis ou não estão realmente atentos a isto? Todo mundo está atento ao resultado dramático da falta de acompanhamento da vida escolar das novas gerações, mas isto não basta, não soluciona o problema .
Precisamos parar de perder tempo. Devemos promover as comunidades escolares como instâncias sociais capazes de transformar a sociedade para melhor. Em vez disso, o que fazemos? Ajudamos os jovens a pensarem desde cedo que cidadania e política não valem a pena, que tudo está perdido.
Perdidos estaremos nós todos, que seremos governados por uma geração que não foi devidamente orientada para a aprender a cidadania, a democracia, os valores universais, a partir da escola.
José Avelange Oliveira é assessor do Deputado Estadual Joseildo Ramos e atua em projetos de cultura e cidadania.