O eletricista Mário Ferreira Lima, que foi preso após tentar furtar 7 kg de carne de um mercado no Distrito Federal para alimentar o filho de 12 anos, comemora uma mudança de vida. Morador de Luziânia, no leste de Goiás, ele passou a receber ajuda de inúmeras pessoas e já conseguiu um emprego. “Uma mulher cedeu uma vaga de técnico de manutenção em uma empresa. Ele está contratado”, contou o servidor público Daniel de Souza, que também está ajudando a família.
O drama do eletricista começou na última quarta-feira (13), quando ele foi flagrado tentando furtar a carne em um mercado em Santa Maria (DF). Mário, que recebe R$ 70 do Programa Bolsa Família, diz que confundiu as datas do benefício e, ao fazer compras, descobriu que o valor que tinha disponível era insuficiente. Sendo assim, ele tentou esconder a carne na bolsa.
Ao saber que ficaria preso, o homem chegou a passar mal na delegacia e disse que estava há dois dias sem comer. Ele relatou que estava desempregado há três meses e que ele o filho se alimentavam apenas de pão, banana e bolachas. No entanto, deixou a criança consumir os últimos alimentos que eles tinham em casa.
“Tinha três meses que eu não tinha gás, então a nossa comida aqui era tudo coisa rápida, pois não dava para cozinhar tudo lá fora [no fogão à lenha]. Então, eu comprava sanduíches baratinhos, de R$ 0,60, ou comprava duas ou três linguiças e colocava dentro do pão. Aí a gente estava vivendo assim”, relatou.
Sensibilizados com o caso, a agente de polícia Kelen Lemos pagou a fiança do eletricista e se uniu a outros policiais, que fizeram compras para ajudá-lo. “Ele estava sem se alimentar e não tem como a gente não se sensibilizar. Não fizemos isso de maneira alguma para estimular esse tipo de situação”, afirmou a policial.
Além de alimentos, Mário ganhou um botijão de gás e deixou de usar um fogão improvisado no quintal. Agora, prepara as refeições para o filho, que ele cria sozinho, com o sorriso no rosto. “O barulho da comida e o cheiro são os melhores que tem”, disse.
Segundo o eletricista, apesar das muitas dificuldades enfrentadas, agradece por ter um filho compreensivo. “Graças a Deus ele entendia a nossa situação, pois quando não tinha comida ele comia uma banana, um biscoito e tomava um suco. Mesmo não gostando, ele não reclamava”, disse.
Apesar da reviravolta no caso, Mário vai responder em liberdade pelo crime de furto. Ele diz que aprendeu uma lição. “Deus me livre, não quero passar por isso nunca mais na minha vida e nem quero que ninguém passe. Mas tem gente aí que nunca viveu essa situação de não ter as coisas, sempre teve. Por isso tem que dar valor ao que tem e cuidar”, afirmou.
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