O juiz Paulo Ramalho Neto, substituto da Comarca de Tucano, fez na manhã desta quarta-feira (08) na Escola Municipal Zélia de Brito, a maior da cidade, uma palestra sobre as medidas adotadas pelo Poder Judiciário para garantir a regulação da frequência dos alunos e, consequentemente, evitar a evasão escolar, além de combater a indisciplina e a prática de atos violentos contra os professores e demais servidores públicos da educação municipal.
Durante o evento, o juiz “puxou a orelha” de pais e estudantes que estavam presente no encontro. “Vou cobrar dos senhores a fiscalização de seus filhos, vou cobrar dos senhores a criação de seus filhos, porque eu não posso criar. Se nós não dermos educação para nossos filhos hoje, amanhã cada um de nós vai sofrer”, disse.
Tendo como base uma Portaria Judicial do Ministério Público de Tucano, o magistrado informou algumas medidas que serão tomadas como a proibição do estudante ficar fora da sala de aula durante o horário escolar, obrigação dos pais participarem das reuniões na escola e proibição do uso de celulares ou outros aparelhos eletrônicos. Segundo o juiz, o controle será rigoroso. “O Estado tem o dever de fiscalizar a execução das políticas públicas de educação, especialmente quando há notícias estarrecedoras de profunda insubordinação a até prática de atos infracionais por alunos. Lugar de criança e adolescente é no colégio e dentro da sala de aula e não na rua, em pleno horário escolar”, defendeu.
Os “puxões de orelha” dados pelo juiz incomodou alguns pais. Isso porque muitas das observações e instruções passadas eram básicas – e domésticas. Bastava uma rápida circulada pela multidão para perceber que a indisciplina escolar dos estudantes nada mais é do que o reflexo da falta de educação doméstica que deveria ser passada pelos pais. Enquanto o juiz passava orientações importantes, muitos pais se concentravam nas conversas paralelas, um retrato fiel do desrespeito que acontece também em sala de aula.
Durante a palestra, o juiz pediu mais rigor dos pais na educação dos filhos. “A Lei da Palmada, do meu ponto de vista, é inconstitucional. Acredito que os pais tenham o direito de dar uma palmada nos filhos, muito embora não possa espancá-los”, defendeu o juiz. Liliane Pereira dos Santos, moradora do Pé de Serra e mãe de estudante, gostou do que ouviu. “Achei muito importante, porque tem filho que a gente dá conselho, eles sabem que a gente não pode bater e o juiz falou diferente. Espero que meu filho tenha entendido”. Segundo ela, a proibição do uso de celulares foi uma das medidas mais importantes anunciadas no encontro.
A palestra contou, também, com informações acerca de violência doméstica e familiar e questões sobre a prática do “bullying”, inclusive sobre a possibilidade legal de os pais responderem judicialmente pelos atos dos seus filhos, nos termos do Código Civil. “Eu estou querendo pegar um para dar o exemplo. E eu vou pegar. Depois não diga que eu não avisei. Chegou a hora de dar um basta nessa indisciplina escolar. Chegou a hora de respeitar professor. Não tenho medo de traficante, de homicida, quanto mais de adolescente que mal saiu das fraldas”, provocou.
Redação e fotos Portal Tucano