A estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Olgarina Pitangueira Pinheiro, em Conceição do Coité, Bianca Cerqueira Oliveira dos Santos, 17 anos, moradora da Fazenda Sossego, distante cerca de 5 km da sede do município, tem chamado a atenção pela forma como escreve no caderno, ‘de cabeça para baixo’, ou para ser mais preciso, ‘cabeçalho para baixo’.
A jovem faz totalmente o inverso dos demais colegas e certamente de milhões de pessoas, quando inverte a posição do caderno para fazer as atividades. A posição normal é a escrita na ordem decrescente, mas ela começa o texto na parte de baixo e segue a ordem crescente.
O Calila Noticias esteve no colégio para conhecer essa ‘anomalia na escrita’ se é que se pode considerar assim, e viu o quanto é complicado escrever ao contrário, e ao final de uma redação é só colocar o caderno na posição normal se percebe a escrita igual a dos colegas.
Segundo Bianca o que talvez provocou essa forma inusitada de escrever, foi o fato de ser canhota e as cadeiras escolares serem todas adaptadas para quem escreve com braço direito, diante da dificuldade, encontrou a forma confortável quando inverteu a posição do caderno e daí em diante se acostumou e hoje não encontra nenhum tipo de dificuldade.De acordo com a estudante, a maioria dos canhotos escreve com o caderno mais torto, mas não totalmente virado como é seu caso. A jovem garante que no dia da formatura vai precisar girar o livro em 180 graus para assinatura. “Eu não me lembro em nenhum momento de minha vida ter escrito de outra forma”, disse a estudante. ( Veja o vídeo )
O CN fez busca no Google e encontrou dois casos parecidos, mas não igual a Bianca. O primeiro da sérvia Bojana Danilovic, de 29 anos, escreva e ler de cabeça para baixo. Ela sofre de uma doença chamada “fenômeno de orientação espacial”, que faz com que seus olhos processem as imagens normalmente, mas o cérebro não. Ou seja, quando Bojana vê um objeto, ele é invertido na retina, que fica no fundo do olho. Seu cérebro, então, deveria reposicionar a imagem, para deixá-lo na direção correta – só que isso não acontece. Segundo a sérvia, que vive na cidade de Uzice, no sudoeste do país, ela é a única pessoa no mundo a apresentar esse tipo de transtorno.
No interior de São Paulo uma jovem de Itapetininga foi até o jornal Cruzeiro do Sul com uma grande esperança: descobrir por que escreve de cabeça para baixo. Fernanda Pires de Almeida, 22 anos, conta que já passou por consulta com diversos especialistas como oftalmologista, neurologista e psicóloga, mas até agora não conseguiu ter exatamente um diagnóstico de seu caso. Ela afirma que durante toda a sua vida escolar foi auxiliada pelos professores, que emprestavam o livro usado em sala de aula para que pudesse copiar o conteúdo passado na lousa, isso porque além de escrever, ela também lê invertido, e quando tenta forçar a visão para ler aquilo que está escrito de forma convencional, sente dor de cabeça e os olhos começam a embaçar.
Nenhum dos casos é totalmente semelhante ao de Bianca, que consegue ler tudo normalmente, principalmente depois que coloca o caderno na posição normal.
Redação CN * Imagem e fotos: Raimundo Mascarenhas