O último adeus ao repentista Manoel Tomáz de Aquino, popularmente conhecido como Manoelzinho Aboiador, de 78 anos, foi marcado por muita emoção, na tarde desta terça-feira (4), em Serrinha. O caixão com o corpo do Velho Uirapurú, como se auto denominava o poeta, foi transportado em um carro de boi e percorreu as principais avenidas da cidade. Familiares, amigos, políticos, vaqueiros e admiradores acompanharam a cerimônia que começou na Câmara de Vereadores e seguiu até o cemitério Paroquial.
Amigos que trabalharam e conviveram com o repentista, lembraram da importância do artista para a cultura do sertão. “Perdemos uma grande voz de Serrinha e da região do sisal. Uma voz que defendia a natureza, uma voz que de forma muito espontânea pôde alegrar a vida do povo serrinhense por muito tempo. Fica ai uma grande lacuna”, lamentou o deputado estadual Gika Lopes.
“Mesmo morto, ele não saiu do berço da história e do jeito que vivia, fazendo do próprio enterro mais um momento da cultura nordestina que é o carro de boi, o gado, o cavalo […] E quem conviveu com ele aprendeu e não vai deixar essa cultura morrer”, comentou o prefeito Osni Cardoso, prometendo inaugurar um praça nas imediações do bairro do Cruzeiro em homenagem ao aboiador. “Vai nascer uma nova praça naquela região da saída para Conceição do Coité e nós vamos colocar o nome dele, com o apelido dele e, claro, colocar as referências da história dele”, garantiu.
A Orquestra Sanfônica de Serrinha fez uma homenagem ao Velho Uirapurú executando a música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga. O corpo foi enterrado por volta das 17h sob aplausos. Manoelzinho Aboiador faleceu na tarde desta segunda-feira (3) devido a complicações causadas pelo diabetes. Ele lutava contra a doença há muitos anos, porém, nos últimos dias, a situação se agravou e ele não resistiu.
Manoel Tomáz de Aquino nasceu no bairro do Salgado, em Caruarú-PE, em 1937. Ele fez história ao lado de Vavá Machado e Marcolino, Galego Aboiador, Zé de Almeida, Pedro Bandeira, Lourinaldo Vitorino e Nozinho do Xaxado, principais nomes do aboio e repente sertanejo, e gravou, consecutivamente, 5 discos de aboios, toadas e forró pela extinta gravadora Condil de Recife-PE.
Em Serrinha, o repentista era presença indispensável na vaquejada do Parque Maria do Carmo, cavalgadas e pega de boi na caatinga. Para grandes políticos, empresários e artistas, Manoelzinho cantava o sentimento do vaqueiro e do homem do campo. O “Prazer de Fazendeiro” e “Quando a Seca no Sertão” são algumas das composições do velho gigante dos aboios que retratam o nordestino e a tradição das vaquejadas.
O prefeito decretou luto oficial de três dias.
Informações e fotos: Cleriston Silva