Cerca de 400 pessoas participaram, na manhã da última segunda-feira (7), na cidade de Campo Formoso, da 21ª edição do Grito dos Excluídos. Uma manifestação de fé e de reivindicação iniciada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como apoio de movimentos sociais, entidades, pastorais sociais, comunidades e que saem às ruas para protestar contra a corrupção deste país, como também gritar pelos seus direitos.
Proveniente dos municípios de Campo Formoso, Andorinha, Jaguarari, Senhor do Bonfim, os manifestantes se juntaram a tantas outras vozes espalhadas por todo o Brasil no Grito dos Excluídos fazendo ecoar a pergunta “Que país é este que mata a gente, que a mídia mente e nos consome?”, reafirmando o lema de todos os anos “A vida em primeiro lugar”.
O ato, teve inicio às 9h na frente do terminal rodoviário com um momento de celebração feita pelo Frei Davi da paróquia Santo Antonio de Campo Formoso e em seguida, todos saíram em fileira com suas faixas reivindicatória, cantando, fazendo gritos de ordens.
As comunidades gritaram contra a exploração da Cia de Ferro Ligas da Bahia Ferbasa (FERBASA) em Campo Formoso e Andorinha, exigindo a aplicação dos impostos da mineração nas comunidades e reivindicando principalmente o direito a água, a preservação das nascentes que ainda restam nas comunidades, além do Açude Andorinha II do qual depende um grupo de pescadores e comunidades de Andorinha e região, ameaçadas de secar por conta da exploração da FERBASA. Em alto e bom som ouviu-se o grito: “Nós bebemos água, não bebemos minério”.
Também foram levantadas as bandeiras por Reforma Agrária e pela regularização dos territórios das comunidades tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto, denunciando a posição do Estado que tem impossibilitado o acesso e condições de permanência na terra, por conta da aliança feita com as elites brasileiras ao longo da história.
Essa aliança tem representado a morte de muitos trabalhadores do campo a exemplo do companheiro Leonardo Leite, militante do Movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados (CETA), de Monte Santo Bahia que foi cruelmente assassinado as vésperas de 7 de setembro de 2011, e de tantos outros mártires, cujo sangue geme na terra clamando por justiça até os dias de hoje.
Foram dados depoimentos contra os agrotóxicos usados indiscriminadamente no Brasil, que tem causado vítimas fatais tanto pela exposição no trabalho, quanto pelo consumo de alimentos e de água contaminada, ressaltando ainda, que Campo Formoso é o segundo município da Bahia em índice de Câncer.
Também foi lembrado mais uma vez que o Brasil ainda precisa avançar para ser verdadeiramente independente, garantindo os direitos de todos os cidadãos e cidadãs, com justiça e igualdade social. Ecoou forte o grito contra a perda de direitos, contra o golpe da burguesia que não aceita que os excluídos possam ter acesso a bens e melhoria de vida que nunca tiveram. Com o apoio da grande mídia tentam romper com as conquistas já alcançadas pelo povo e promover retrocessos nos direitos conquistados com muita luta popular.
Após uma belíssima apresentação cultural do grupo Culturart, natural de Campo Formoso, onde se retratou a realidade sofrida do Semiárido, o desafio da migração, a luta do povo pela sobrevivência, mas reafirmando as possibilidades de viver bem nesta terra através da convivência, o Grito dos Excluídos foi encerrado com um grande coro elevando os clamores e esperanças ao pai nosso dos mártires, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos.
Informações de Célio Antônio