O prefeito de Conceição do Coité, Francisco de Assis Alves dos Santos (PT) ao lado do governador Rui Costa (PT), deputados e dezenas de prefeitos da região, entregou na manhã de quinta-feira (03-09) 250 casas de um conjunto habitacional que recebeu o nome de Genebaldo de Lima Queiroz. O prefeito abriu seu discurso no ato de entrega destacando o histórico de luta pela implantação da democracia atribuída a um ilustre cidadão de Serrinha, que faleceu em 07 de novembro de 2010, aos 65 anos, vitima de infarto.
Um busto de Genebaldo foi colocado na entrada do condomínio com a informação do ano de nascimento, 1943 e falecimento, 2010, além da informação de uma das suas ações, ou seja, a fundação da Ordem dos Advogados da Bahia – OAB na região do sisal, entidade que presidiu por dois mandatos.
Assis, como é conhecido o prefeito, falou emocionado ao lembrar que Genebaldo foi um dos brasileiros que sofreu, foi preso como tantos outros, dos quais, o ex-deputado Emiliano José, para que se conseguisse a democracia que existe hoje. “Ao informar ao amigo Emiliano que estávamos homenageando este ilustre brasileiro, ele nos falou que estávamos fazendo justiça, pois Genebaldo foi colega de sela da penitenciária Lemos de Brito pelo enfrentamento da ditadura”, lembrou Emiliano.
Em 18 de fevereiro de 1972, foi preso pela Operação Bandeirante, órgão da Ditadura Militar, por ser dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ficando preso até outubro de 1973. Neste período de tensão e fuga, no estado do Rio de Janeiro, nasceu sua primeira filha, Nara de Almeida Queiroz Gama. Além de Nara, Genebaldo teve mais três filhos, Raul, Ivan e Aldo, com exceção de Ivan que não compareceu ao evento, os outros posaram para foto em frente ao busto.
Genebaldo estudou até o 4º ano na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, sendo expulso pela Ditadura Militar, com o Ato Institucional n° 05, de 13/12/1968, por sua participação no Movimento Estudantil, quando foi preso algumas vezes e passou a estudar em São Paulo, para onde fugiu. Concluiu o curso na Faculdade de Direito Brás Cubas, em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, no ano de 1970 e foi funcionário do Departamento dos Correios e Telégrafos, (DCT), atual Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos, onde exerceu a função de defensor em Comissões de Inquéritos. Também no Correios trabalhou no Serviço de Relações Publicas, como Teletipista na Sala de Aparelhos, e como Auxiliar de Tesouraria no Setor de Taxas Telegráficas.
Queiroz trabalhou também no então Banco Econômico da Bahia e advogou em São Paulo e no Rio de Janeiro como solicitador Acadêmico, na Praça João Mendes como advogados conhecidos na época, a exemplo de José de Kauffman, Marisa Diegues e Ieda Martins.
Ele advogou ainda para a Editora Panamericana e trabalhou como Free Lancer, corrigindo livros e chegou a escrever sobre assuntos jurídicos, ou seja, prática das sociedades, manual prático das locações e prática das transações Imobiliárias. Os dois primeiros publicados pela Editora Themis, em nome de Dantas Batista Jota, pois Genebaldo estava condenado com base na Lei de Segurança Nacional pela Auditoria Militar da Bahia. Conta à história que o terceiro teve seus originais apreendidos, junto com todos os livros que possuía aproximadamente 300, exemplares pelos prepostos da Ditadura Militar, no instante da sua última prisão em São Paulo.
O ativista político, também chamado de Baixinho, se destacou pela capacidade de empreendedor e adquiriu fazendas, parque de vaquejada, pátio de eventos, clube de campo e restaurante, dentre outros negócios voltados ao entretenimento local. “Herdando”, o espírito de empreendedor do pai, seus filhos são os responsáveis pela construtora ConstruQuali Engenharia, que construiu as 250 casas do condomínio Genebaldo Queiroz.
Segundo Raul Almeida Queiroz, a missão da ConstruQuali é servir à sociedade, concretizando sonhos com qualidade, solidez e inovações em engenharia. Ele disse também que a ConstruQuali é composta por profissionais qualificados e experientes nas áreas de Engenharia Civil, Orçamento, Projetos, Recursos Humanos e Administrativos, que passam por um processo constante de treinamento e acompanhamento das suas atividades.
Em Serrinha, foi editor do Jornal “O Tabuleiro” do Jornal do MRP, do Movimento Renovador Popular. Também em Serrinha, criou o Serviço de Assistência Judiciária e morou por muitos anos, onde faleceu, numa casa situada às margens da BA 409, onde hoje funciona o Centro de Referência e Assistência Social – CRAS e ficou conhecido como o Clube Locomotiva e como destaque, os chafariz lembrando Caldas do Jorro, construídos por ele.
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas e Evandro Junior