O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou, nesta quinta-feira, ter feito acordo com o governo ou com a oposição, envolvendo a manutenção do seu mandato ou o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
– Eu não fiz acordo com o governo nem com a oposição. Ontem vocês me perguntaram e eu respondi: não tem trégua nem guerra – afirmou Cunha.
Reportagem do GLOBO mostrou que o presidente da Câmara e integrantes do governo têm negociado um acordo para salvar os mandatos tanto de Cunha como de Dilma.
Cunha afirmou que teve encontros com o vice-presidente Michel Temer e com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social). Negou, porém, que o governo tenha lhe feito qualquer pedido sobre o processo de impeachment.
– No impeachment exerço um papel de juiz. Alguém conversa com juiz antes? Você pode ir, conversar como advogado, levar memorial, expor suas razões. Comigo só poderia se for isso, mas nem isso aconteceu. O governo não veio me procurar para debater impeachment em nenhum momento – afirmou.
O presidente da Câmara disse que continuará a agir com independência na condução do processo.
– Estou exercendo meu papel institucional. Sempre disse que ia agir nem como governo nem como oposição, mas com independência. É assim que venho agindo e vou continuar – disse.
CONSELHO DE ÉTICA
Eduardo Cunha disse que vai se defender com “calma e tranquilidade” no Conselho de Ética das denúncias de receber recursos desviados da Petrobras e ter contas secretas na Suíça. Questionado se daria explicações públicas sobre as acusações, afirmou que sua defesa será pública e feita no foro apropriado.
– Quando o Conselho me notificar e me pedir para apresentar a defesa eu vou apresentar e lá será público para todos. Minha defesa, qualquer ato de defesa que será praticado será pública. Não conheço termos de quais são as acusações. Vou me defender no foro apropriado com toda a calma e toda a tranquilidade – afirmou Cunha.
Ele tem se negado a responder o mérito das acusações desde que foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal por receber propina desviada da contratação de navios sondas pela Petrobras. Tampouco respondeu às notícias de investigações do Ministério Público da Suíça que apontam contas secretas naquele país que foram abastecidas com recursos desviados de negócio da Petrobras no Benin.
O presidente da Câmara recusou-se nesta quinta-feira a comentar a informação de a delação premiada do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, foram anexados à denúncia em andamento no STF. O Ministério Público afirmou na denúncia, feita antes da delação, que Cunha era “sócio oculto” de Baiano no recebimento de propina.
O Globo