As dificuldades decorrentes da crise econômica que o Brasil enfrenta, causa reflexos diretos também na administração pública. Em Uauá, município histórico marcado pela passagem de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião” e palco da primeira batalha da Guerra de Canudos, a realidade não é diferente.
O prefeito Olímpio Cardoso Filho (PDT), 78 anos, exercendo o terceiro mandato, tem buscado alternativas para tentar minimizar os danos causados pela diminuição dos repasses federais e garantir a manutenção de serviços básicos e essenciais nas áreas da educação, saúde, assistência social, mas reconhece que está muito difícil.
Uauá é um município economicamente sustentado e movido pela economia de subsistência, caracterizado pelo manejo da caprinovinocultura, conhecido nacionalmente como “Capital do Bode” o titulo é uma referência a exposição de caprinos e ovinos que acontece anualmente e pela fama de ter a carne de bode mais saborosa da região, O bode representa 1/3 do PIB do município.
Olimpinho, como é chamado, falou ao CN que as duas primeiras administrações na década de setenta, foram bem melhores e citou como exemplo o trabalho realizado na área de calçamento que executou durante todo período.Hoje em dia, quando vê a situação insustentável ele afirmou que não pretende se candidatar a reeleição nem se for candidato único. “Amigos têm me provocado para sair candidato, tenho dito que não sou masoquista (risos). Não aconselho a nenhum amigo sair candidato”.Afirma
Mas na condição de político histórico disse que não está disposto a perder a eleição. “Embora não aconselhe ninguém a se candidatar, mas vai aparecer alguém pra o grupo apoiar e eu também vou dar apoio e não quero perder”.Concluiu.
Conhecido pela seca que sempre assola o município, o prefeito disse que o problema da saúde é a maior que a seca, pois a seca e uma situação que já se convive. A diminuição dos repasses para a cidade foi considerável e o prefeito admite que o problema mais grave é na saúde, “se não fosse isso, estaríamos equilibrados”, falou. O gestor disse ao Calila que hoje a solução seria fechar o hospital.
O prefeito teme não poder pagar o décimo terceiro esse ano, possivelmente só em 10 de janeiro e é pessimista sobre o próximo ano por achar que 2016 vai começar com uma situação mais delicada por causa da série de aumentos. “Para piorar, o crescimento dos gastos não deve ser acompanhado de uma melhora na arrecadação de impostos, uma vez que as perspectivas são de que a economia brasileira só comece a dar sinais de recuperação no segundo semestre”, falou o experiente politico.
Para a secretária de Saúde Luciene Góis, quando o prefeito fala em fechar o hospital, ela acredita ser brincadeira, pois não se pode fechar uma unidade hospitalar, mas admite que está trabalhando em condições péssimas. “Estamos pagando funcionários com atraso, tem gente com 90 dias sem receber, falta medicamento e as IHs de agosto o governo não repassou. Assim não é possível, não tem como a Prefeitura bancar”, lamenta.
Atualmente só é feito serviço de ambulatório e nenhuma cirurgia, pois o centro cirúrgico está comprometido.
Segundo a secretária, o problema não é só o hospital. O município tem 200 pacientes que fazem tratamento fora e o governo repassa pouco mais de R$ 5 mil para o TFD por mês, “estamos com três meses atrasados, impossível sustentar”, desabafou.
O secretário de Obras do município de Uauá, Moisés Ribeiro, falou que apesar da crise, o governo tem trabalhado e citou algumas ações tipo ampliação de sete PSF, uma UBS, escola nas comunidades de Lagoa do Pires e Serra da Cana Brava, quadras cobertas em São Paulino e Sítio do Tomás, creche no Bairro Malaquias, calçamento em vários povoados. “O prefeito voltou ao poder vinte anos depois e encontrou uma administração diferente, mas com tudo isso, graças sua experiência têm pagado em dias os funcionários e fornecedores. Explicou.
Com toda essa dificuldade narrada e o que tem dito o prefeito em não aconselhar ninguém sair candidato, três secretários vêm ‘disputado’ internamente o apoio do grupo na sucessão de Olímpio. No páreo também, o vereador Jairo Rocha Costa (PDT), eleito pelo grupo do prefeito, depois se afastou, mas Olímpio acredita que retorne a base e crê que seja um bom nome. Ele citou ainda o nome do empresário Jackson, que tem resistido à ideia.
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Redação CN / fotos: Raimundo Mascarenhas