A presidente Dilma Rousseff não terá os dias de folga nas praias da Bahia, como fez nos verões passados, para se dedicar a definir medidas econômicas que serão apresentadas ao Congresso no começo do ano legislativo, em fevereiro. Ela marcou uma reunião com os novos comandantes da área econômica no próximo dia 28 para definir “três ou quatro eixos”, como disse o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em encontro com jornalistas.
Entre as medidas estão a proposta de reforma da Previdência, com o aumento da idade mínima para aposentadoria; medidas de desburocratização do sistema tributário, uma proposta da CUT para permitir a livre negociação entre patrões e empregados e também medidas de crédito de médio e longo prazos – o que o governo chama de medidas de estímulo à retomada do crescimento da economia.
“Tenham esperança”, proclamou o ministro Jaques Wagner, ao encerrar a conversa com jornalistas cujas perguntas mostravam as dificuldades do governo na economia.
Para o ministro, a decisão do STF de estabelecer novo rito para o processo de impeachment gera calmaria no mundo político e, assim, o governo tem tempo para reorganizar sua base parlamentar. Ele se referiu várias vezes aos 199 votos que teve a comissão especial indicada pelos líderes governistas como sendo o retrato da base do Palácio do Planalto. “Isso nos dá garantia de rejeição do processo de imepachment”, disse. Para não haver a instalação do processo de impeachment são necessários pelo menos 172 votos.
Ou seja, o governo já trabalha com a perspectiva de governar com minoria. Ainda assim, ele acredita que o governo poderá reunir maioria para aprovar as medidas a serem enviadas ao Congresso, inclusive a proposta de reforma da previdência. Para ele, a chegada de Nelson Barbosa à Fazenda com Valdir Simão no Planejamento “dá harmonia” ao governo. Perguntado sobre contraponto, ele diz que este contraponto é feito pelo mercado.
Nos cumprimentos de fim de ano com jornalistas, o ministro disse que o ponto mais positivo para o governo em 2015 foi o pronunciamento do STF sobre o impeachment que, para ele, significou “o renascimento do governo Dilma”.
Ele não quis comentar a receptividade do mercado a Nelson Barbosa, afirmando que, se pudesse, pediria que esperassem o trabalho dele. “Nelson não fará nenhuma loucura; eu pediria que não sentenciassem antes, deixem o cara trabalhar primeiro”, afirmou.