Um dos principais centros em busca da vacina contra o vírus Zika, o Instituto Butantan afirmou que até o momento não recebeu qualquer recurso do Ministério da Saúde para desenvolvimento do projeto. De acordo com o presidente, Jorge Kalil, seriam necessários R$ 30 milhões para a fase inicial do trabalho, que poderia ser concluído em três anos. No entanto, a falta de recursos inviabiliza o prosseguimento. “O início do projeto é bem mais barato. Ele começa a ficar caro bem mais tarde. No começo, com R$ 30 milhões já avançaríamos muito. Isso não é nada. Tem compras que o governo federal faz de anticorpos no valor de R$ 1 bilhão”, explicou em entrevista à BBC Brasil. Para Kalil, “se fala muito e se faz pouco” no Brasil, a exemplo do último pronunciamento da presidente Dilma Rousseff. Na noite da última quarta-feira (3), a presidente relembrou a ausência de uma vacina contra zika e reforçou a necessidade de uma “luta urgente” contra o Aedes aegypti. “Eu acho que tinham que arrumar o dinheiro e deixar os cientistas trabalharem”, ressaltou Kalil.
O presidente do Instituto Butantan ainda denunciou um atraso no recebimento de R$ 300 milhões referentes à última fase de testes da vacina contra dengue, valor compartilhado pelo governo de São Paulo e governo federal. Em nota, o Ministério da Saúde disse que o pré-projeto foi enviado pelo laboratório apenas após reunião em 15 de janeiro. “Todo esse processo está sendo acompanhado pela direção do Instituto Butantan e o documento vai prever ainda recursos para a fase final da vacina contra a dengue”, acrescentou a pasta. Com relação aos R$ 30 milhões cobrados por Kalil, o Ministério da Saúde ressaltou os trâmites necessários para qualquer investimento público em tecnologia.