Crianças e jovens estão se tornando seres absortos, ausentes da realidade (ou então “nerds” como os jovens próprios se auto definem), apenas ligados às novas tecnologias: smartphones, celulares, tablets,, laptops e, obviamente, “linkados” virtualmente nas redes sociais.
O bom e salutar hábito de se reunir ao redor da mesa durante as refeições, e que já vinha perdendo força pela ausência dos pais nos lares nas refeições principais, devido ao trabalho de ambos fora de casa em horário integral, está se enfraquecendo ainda mais, em decorrência agora do mau uso, particularmente em horários indevidos, das novas tecnologias.
Diante dessa realidade o papa Francisco não tem dúvida: “às famílias necessitam passar mais tempo juntas”. Aconselha para isso que todos: pais e filhos, devam desligar os smartphones, os computadores e as televisões á hora das refeições, acrescentando que é essencial que todos se esforcem para sentarem-se à mesa juntos, todos os dias, aos menos em uma refeição.
O para enfatiza que esta tradição familiar de estar à mesa com a família, incentivada há várias gerações, está a se perder, face à emergência das novas tecnologias, já que muitas crianças e jovens se isolam de tudo e de todos por causa desse novo vício tecnológico”. As novas tecnologias estão substituindo a interação humana. “Uma família que quase nunca se senta para comer junta, que não se fala à mesa, mas que ao invés disso se concentra em programas de televisão (colocada no centro das salas de refeições), smartphones ou em redes sociais, não é uma família unida”, disse o Papa.
A hora da refeição é sagrada e deve ser o espaço de tempo em que os momentos felizes do dia-a-dia devam ser partilhados e discutidos. A refeição não se faz apenas de alimentos, mas também de sentimentos e de histórias. A refeição em família, esse grande símbolo de unidade, está a desaparecer. As redes sociais nos fazem sentir conectados virtualmente, mas que na realidade nos afastam daqueles que nos são mais próximos.
Devemos erradicar de nossas vidas e de nossos lares as novas tecnologias? Evidentemente que não, pois elas fazem parte da evolução humana e nos são muitos úteis, se bem utilizadas, inclusive na evangelização. Acredito que caia bem um trecho sapientíssimo de São Paulo em sua primeira Carta aos Coríntios que assim nos adverte: “Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”.
+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito