O rosto humano concentra a identidade de cada pessoa e a distingue das outras. Até mesmo em dupla de gêmeos, podem-se identificar traços do rosto que nos distingue um do outro. É por isso que as notícias do transplante de rostos, realizadas em alguns países criaram celeumas.
A pergunta que sempre fica é esta: como podemos ser nós mesmos se o rosto é de outra pessoa? Quando o rosto é desfigurado ou substituído pela face de outra pessoa a verdadeira imagem de nosso eu se esvai. E a pessoa pode sentir uma despersonalização.
Desde épocas remotas é costume, durante festejos “profanos”, como o Carnaval, usar máscaras e fantasias simplesmente porque pessoas têm medo de revelar a verdadeira identidade ou, porque o Carnaval é um grande teatro, durante o qual homens e mulheres se transfiguram para representar personagens da vida.
Não é fácil entender as razões que levam pessoas a mudarem a aparência de seu rosto. As plásticas, as fantasias e as máscaras escondem a realidade. Todos tendem a serem mais ou menos semelhantes ou até iguais, mesmo que percam a verdadeira identidade pessoal. Nestes casos trancamos o espelho da alma e valorizamos a impessoalidade das aparências.
A técnica muda rapidamente a imagem de um rosto que a vida leva anos e anos para construir. Mas ninguém responde a razão que leva pessoas a apresentarem ao mundo um outro “eu”, talvez mais bonito, diferente do “eu” original e verdadeiro. A identidade pessoal não pode ser escondida sob imagens de aparências. Isto não significa não aceitar técnicas modernas de solução para problemas acidentais, embora não seja o mesmo que querer mudar simplesmente por esconder.
Um dia, o presidente norte-americano Abraham Lincoln disse a um auxiliar: não gosto do seu rosto. E quando lhe observaram que “ninguém tem culpa do rosto que possui”. Lincoln rebateu: depois de certa idade, cada um é responsável pelo rosto que tem. Na realidade, nosso rosto é reflexo de nosso coração, do nosso espírito e de nossa vivência interior. Cada um de nós vai construindo sua história, seu coração, seu rosto.
O apóstolo Paulo, esclarece: ”Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revestir-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.
Dom Itamar Vian + Arcebispo Emérito