Neste domingo – 21- acontece, em Feira de Santana, a quarta Caminhada do Perdão que neste ano tem como tema: “Contemplando o rosto da misericórdia”. O tema parte do evangelho de Lucas em que Jesus nos convida a sermos misericordiosos: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
O para instituiu um Ano Santo Extraordinário que tem como centro a misericórdia de Deus, mas ele quer, também, que nos solidarizemos com o sofrimento alheio. O Ano Santo é uma convocação para que os cristãos olhem para as misérias do mundo, para os irmãos que sofrem, e abandonem a “indiferença que humilha”, e por vezes mata.
O jubileu da Misericórdia nos desafia a agir concretamente na tentativa de amenizar o grito de socorro dos excluídos; primeiro, perdoando e acolhendo; depois, trabalhando pela justiça e pela inclusão. É preciso consolar os aflitos e dar de comer e beber a quem tem fome e sede. A exclusão não é uma atitude cristã, pelo contrário, é a raiz de todas as violências familiares e sociais.
Mais do que perdoar pecados, Deus perdoa a pessoa. Judas e Pedro tem algo em comum: a traição. O que distingue um do outro é a atitude posterior. Enquanto Pedro chorou amargamente seu pecado, Judas não acreditou na misericórdia e enforcou-se. Foi depois da tríplice traição que Pedro, por três vezes, declarou seu amor ao Mestre e tornou-se o primeiro papa. Judas queimou a chance de tornar-se um santo extraordinário. Deus jamais cansa de nos perdoar, nós é que esquecemos de pedir perdão.
O pecado está presente mesmo na vida dos grandes santos. Um exemplo clássico é o de Santo Agostinho. Ele deixou a memória de seus pecados em seu livro Confissões. São Francisco de Assis recorda, sem grande preocupação, mas com extrema confiança, o tempo em que estava em pecado. Deus não quer o pecado, mas ama o pecador. O próprio pecado se torna fecundo quando nos ensina alguma coisa, sobretudo a confiar na misericórdia do Pai.
O Salmo 50, atribuído a Davi, um rei pecador, por três vezes garante que Deus apaga o nosso pecado. Um grande missionário capuchinho, frei Bernardino Vian, falecido em 1985, costumava dizer: “Deus tem a mania de perdoar”. Na cruz, na dureza da agonia, Jesus não esquece sua prioridade: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
Dom Itamar Vian + Arcebispo Emérito