Depois de uma semana de notícias arrasadoras para o governo da presidente Dilma Rousseff, a oposição vai concentrar esforços para retomar o processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Além de obstruir votações no plenário até que o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ instale a comissão que vai analisar o processo, um grupo de deputados pediu uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para falar sobre o assunto.
Os deputados esperam que o Supremo publique o acórdão do julgamento do rito do impeachment o quanto antes, para que a comissão possa ser instalada na Câmara. A expectativa é que isso aconteça já na terça-feira, 8, mas a Corte ainda terá que julgar os recursos apresentados por Cunha contestando a decisão.
Mesmo à mercê do ritmo que será adotado pelos ministros do STF, a avaliação de líderes de partidos como o PSDB e o DEM é que a oposição não pode desperdiçar esse momento de fragilidade do governo e precisa agir unida para levar a discussão sobre o afastamento de Dilma ao plenário.
A delação premiada do ex-líder do governo Delcídio Amaral (PT-MS), que deve ser homologada nos próximos dias pelo Supremo, é considerada o ponto central para dar impulso ao processo de afastamento da petista. A oposição vai pedir que as informações que já circularam, especialmente a de que a presidente teria atuado para interferir nas investigações da Operação Lava Jato, sejam incorporadas tanto ao processo de impeachment na Câmara quanto à ação que pede a cassação do mandato de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os parlamentares da oposição também apostam na manifestação contra o governo, marcada para o próximo domingo, 13, como catalisador do processo. A expectativa é que os protestos reúnam um expressivo número de pessoas em todo o País e deixe comprovado que a tese do impeachment tem apoio popular.
“A oposição está toda mobilizada. Não há dúvida que tanto o processo do impeachment quanto a ação do TSE ganharam força”, disse o deputado Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara. Apesar de considerarem que o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato desgastou ainda mais o governo, a estratégia vai ser deixar o caso de lado e tratá-lo como um “caso de polícia”.
A avaliação é que Lula conseguiu emplacar o discurso de vítima após o mandado de condução coercitiva que o obrigou a prestar depoimento e que esse sentimento poderia influenciar no andamento do processo de afastamento de Dilma.
“A estratégia é colocar o processo do impeachment para rodar logo. O Lula é um problema da polícia”, disse o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM). O líder descartou a votação de qualquer matéria que ajude a economia nos próximos dias mesmo com os pedidos do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em meio à crise econômica. “Sem chance de votar qualquer medida econômica agora. Temos uma questão mais urgente”, afirmou.
Correio24H