Aos gritos de “defender a Petrobras é defender o Brasil”, o debate público que ocorreu na manhã de segunda-feira (14), no auditório da Assembleia Legislativa da Bahia, foi palco de duras críticas à tentativa política de enfraquecer a estrutura da empresa na região Nordeste do país e ao projeto do senador José Serra (PSDB), que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras em todos os consórcios do pré-sal. Proposta pelas Comissões de Infraestrutura, de Finanças e de Constituição e Justiça, a audiência reuniu mais de 300 pessoas e levantou questionamentos sobre as reais intenções da venda de ativos da empresa.
Segundo o diretor da Federação Única de Petroleiros, Zé Maria Rangel, a união de elementos como o projeto do senador José Serra, a tentativa de venda de ativos e a extensa operação Lava-Jato, dão a entender que a Petrobras estaria financeiramente desestabilizada. “A Petrobras não está quebrada. Sim, ela está endividada, mas a empresa tem condições reais de reverter e não precisa recorrer ao mercado para isso”, disse. Para Rangel, existe um movimento com o intuito de enfraquecer o patrimônio nacional para facilitar a entrada de capital financeiro internacional. “Vender ativos com o barril de petróleo em baixa não pode ser considerada uma venda, é uma doação”, reforçou.
Para o deputado estadual Joseildo Ramos (PT), um dos proponentes da sessão, a venda dos pólos como os de Miranga e de Buracica, ambos na Bahia, não surtirão efeito sobre a empresa. “Seis mil barris não vão fazer cócegas no problema financeiro da Petrobras. O que estamos testemunhando é um crime de lesa-pátria”, disse. “Devemos juntar todo o parlamento que representa os estados que são alvos dessa situação para que a gente faça um movimento e, pelo menos, mostre pra povo brasileiro que nesse parlamento, tem gente que se preocupa com a qualidade de vida do nosso povo”, concluiu.
Ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli alertou sobre os prejuízos para a economia nacional diante da perda do controle sobre desenvolvimento dos campos do Pré-Sal brasileiro, como propôs Serra. De acordo com Gabrielli, o argumento do senador de que a Petrobras não teria condições financeiras de viabilizar sua participação como operadora única em consórcios de Pré-Sal é uma tentativa de enfraquecer sua economia. “O operador único, pelo fato de ser único, tem um papel muito importante. É esse recurso que dá condições para viabilizar uma política de conteúdo nacional, que possibilita a recuperação da indústria naval brasileira, por exemplo”, explicou. “Acho que a pressão da sociedade é fundamental para que o Governo perceba que essa pequena gota na produção total da Petrobras não vai mudar a situação da empresa e vai criar um gigantesco problema social na nossa região”, adicionou.