As declarações de um vereador roubaram a cena em meio à aprovação de um projeto de lei que elevou em 15% os salários dos parlamentares em Guaíra (SP) para a próxima legislatura.
Para justificar seu voto favorável à iniciativa, um dos 11 que apoiaram a medida, Antonio Eurípedes da Silva (PSB) afirmou que as pessoas devem ganhar bem para que não sejam corruptas.
“Aquela pessoa que não tem um, como se diz, pagamento adequado pode até no dia de amanhã não honrar. Você entendeu? Às vezes ser um vereador corrupto”, afirmou o vereador.
Após a polêmica, o parlamentar se retratou e disse que não foi bem interpretado ao defender uma boa remuneração para pais de família. “Quem ouviu minha fala sabe o que eu quis dizer. Infelizmente usaram alguma parte da minha fala pro mal.”
A votação
O projeto aprovado pela Câmara no dia 1º deste mês elevou de R$ 5.072 para R$ 5,5 mil os rendimentos dos próximos ocupantes do Legislativo local.
De acordo com parlamentares, a elevação é uma correção baseada na variação inflacionária. O mesmo texto reduziu em R$ 12 o salário do presidente da Casa, para R$ 6 mil.
Apesar do aumento, a presidência da Câmara afirma que haverá economia nas finanças do Legislativo, devido à aprovação de uma lei, em 2015, que reduziu de 13 para 11 o número de vereadores em Guaíra a partir de 2017.
Também foram aprovadas, na mesma sessão, quedas nas remunerações do vice-prefeito – de R$ 7,6 mil para R$ 7,2 mil – e dos secretários municipais, de R$ 7,6 mil para R$ 7 mil. O mesmo texto mantém o salário do prefeito em R$ 25 mil, ainda assim acima dos de cidades como Ribeirão Preto (SP), onde o subsídio para o próximo mandato é de R$ 23 mil.
Salário adequado
Durante a sessão, ao tomar a palavra para justificar seu voto favorável ao aumento para os vereadores, Silva primeiro observou que, na atual faixa salarial, o ganho líquido do parlamentar por mês é de R$ 4,3 mil, valor que para ele não é alto, face as responsabilidades de um parlamentar ativo e disposto a ajudar a população.
Também explicou que a remuneração é importante para manter roupas e viagens adequadas para a atividade política.
“Se você entrar aí em uma usina tem encarregado que ganha R$ 5 mil, tem chefe de setor lá que toma conta de 300 pessoas que ganha R$ 20 mil. Um vereador, que tem que ter uma roupa adequada, precisa ir a São Paulo atrás dos seus deputados, tem que estar bem aparentado, tem que estar bem vestido, atende o povo e trabalha. Então ele tem que ter um salário adequado para ser honesto com seus compromissos”, afirmou.
‘Não foi minha intenção’
Entrevistado pela EPTV, o vereador explicou que defende um salário justo para o pai de família, em todas as classes e áreas de atuação, mas que foi mal interpretado.
Ele negou que tenha tentado desmerecer a honestidade de quem ganha pouco, inclusive no mundo da política, mas considerou que não aceitaria ganhar um salário mínimo.
“Essa palavra que eu disse foi com boas intenções, não querendo prejudicar aquele que tem salário baixo. Essa não foi a minha intenção. A minha intenção é que todo pai tenha um salário digno”, disse o parlamentar.
Silva também negou usar roupas de grife, mas afirmou que todo mundo gosta de estar apresentável. Afirmou também que faz poucas viagens a São Paulo.
“Não justifica um salário alto. Qualquer um pode se manter, desde que procure preço. Não é o salário que vai fazer você andar bem vestido”, alegou.
Ele disse que se retratou diante dos moradores e que tem perdido noites de sono por causa da repercussão do caso.
“Não é o salário que faz a dignidade do ser humano, mas todo pai de família merece ter um salário digno para dar conforto melhor para sua família”, afirmou o parlamentar.
G1.com