A procissão do fogaréu, que aconteceu na noite de quinta-feira santa, é um importante marco para a Semana Santa de Serrinha que vem se consolidando como rota de turismo religioso na Bahia.Para o bispo diocesano Dom Ottorino Assolari, a cada ano aumenta o número de fieis e visitantes dando demonstração que o povo gosta do evento, isto ajuda a pensar e refletir.
O cortejo da procissão com a caminhada de penitência saiu pouco depois das 21h da Catedral diocesana, após a celebração da missa do Lava-Pés e apresentação da primeira cena da peça Auto da Paixão, onde retrata a prisão de Cristo.
O grupo Difusão da Obra Shalom de Serrinha foi o responsável pelo espetáculo teatral que envolveu 27 pessoas e foi dividida em quatro cenas, ou seja, além da prisão de Cristo que foi apresentada na Praça da Catedral, foi apresentada a negação de Pedro na Praça Almeida Couto e, após a caminhada de quase 5 km com uma multidão portando tochas de papel acesas por velas, e quem viu do alto de Santana, lembrava um tapete humano de luzes, no alto da ladeira de Santana, onde foram encenada a fala de Judas sobre o seu pecado e depois apresentação de Jesus Cristo a Caifás.
Max Cerqueira da Silva, coordenador da obra Shalom falou que o final da peça acontece na tarde desta sexta-feira santa com a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo na Praça Luiz Nogueira.
Dom Ottorino lembrou que a procissão do Fogaréu iniciou em 1930 com gesto penitenciário e naquela época não tinha televisão, internet, “portanto nasceu como uma caminhada de penitencia realizada com profunda fé. Os tempos foram mudando e infelizmente se perdeu um pouco desta fé e se tornou para muitas pessoas um momento florístico e de tradição”, afirma o religioso.
Ele falou também que a Igreja tem vem trabalhando para recuperar esses valores e muitas pessoas já estão com essa consciência. “Gostaria de deixar aqui no CN essa lembrança: o fogaréu é um momento forte do tempo da semana santa e pode ajudar muitas pessoas, principalmente a se perguntar como nasceu e vi o que, ou seja, iremos responder que nasceu como uma processão penitencial e visa fortalecer a fé. Somos pecadores e necessitamos do perdão de Deus em nossas vidas”, falou dom Ottorino.
Dom Ottorino concluiu a conversa com CN afirmando que essa apresentação teatral é parte do trabalho da Igreja para “levar o publico a reflexão sobre a presença de Jesus Cristo em nossas vidas”.
Demostrado cansaço, depois de caminhar os 5 km, dom Ottorino, hoje com 70 anos de idade, sob os olhares atentos de todos, convocou a multidão para oração, lembrando em especial por todos aqueles que estavam na cidade, em especial as crianças e os doentes. Tendo frente à visão da cidade o bispo falou sobre a Campanha da Fraternidade que tratou de saneamento básico.Segundo ele metade da população brasileira não dipõe desse serviço, e criticou quando se fala que não dispõe de recursos para obra e no entanto o que se fala é de desvio da verba pública.
Dom Ottorino lembrou ainda que houve algumas intervenções nos municípios que integram a Diocese neste período de 40 dias após o lançamento da campanha da fraternidade que tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade” que tem por objetivo o debate de questões relativas ao saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos. “Mesmo acabando a campanha da fraternidade, não acabará as intervenções neste sentido e planejamos fazer um grande ato neste sentido. Esse assunto faz parte da encíclica do papa Francisco sobre ecologia”, concluiu.
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Redação CN / fotos: Raimundo Mascarenhas