Após adiar o reajuste anual do preço dos remédios, o governo federal publicou hoje, no Diário Oficial da União, resolução da Câmara de regulação do Mercado de Medicamrntos (Cmed), órgão do governo formado por representantes de vários ministérios, que fixou em 12,5% o reajuste máximo permitido aos fabricantes na definição dos preços dos medicamentos.
A regulação é válida para um universo de mais de 9 mil medicamentos com preços controlados pelo governo. Ontem, O Ministério da Saúde não havia divulgado quando seria a nova data. O órgão apenas afirmou que aconteceria em breve.
Em e-mail ao CORREIO, o Ministério da Saúde informou que o índice de reajuste é calculado com base no IPCA, fatores relacionados à concorrência de mercado, produtividade da indústria farmacêutica e custo de produção. A fórmula está prevista e detalhada em resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
Em algumas farmácias visitadas ontem pelo CORREIO, cartazes anunciavam que o reajuste começaria no dia 1º. Para fugir dos aumentos, alguns consumidores antecipavam suas compras.
O aposentado João Jackson Reis, de 62 anos, era um deles. Ele foi à Farmácia do Trabalhador aproveitar a promoção Pague 3, Leve 4 oferecida pelo estabelecimento. “Aqui é mais barato, mas não encontro todos os remédios que preciso e acabo procurando em outras farmácias”, contou.
O aposentado afirma gastar mensalmente entre R$ 300 e R$ 400 em medicamentos para a pressão arterial e o coração. Já pensando nos próximos três meses, ele aproveitou a oferta e comprou medicamentos em quantidade para guardar em casa. “Se o aumento for esse mesmo, de quase 13%, vai pesar no bolso. Meu salário continua congelado”, lamentou.
Riscos
Para quem pretende comprar remédios com muita antecedência, a coordenadora do curso de Farmácia da Unime, Ana Tereza Lima, chama a atenção para os riscos de estocar medicamentos em ambientes impróprios. “Os remédios devem ficar onde a temperatura e umidade são controladas. Caso contrário, há o risco de que eles se tornem tóxicos, devido à reação das substâncias, causando efeitos adversos, como síndromes, por exemplo”.
Em seguida, completou: “Na farmácia, isso é regulado quase que diariamente, portanto, esse é o local ideal para o armazenamento.O indicado é que o remédio seja guardado em casa apenas durante o período de consumo, ou então, no máximo, um mês”.
A farmacêutica afirma que, antes de comprar remédios em quantidade, é preciso atentar às datas de validade, mas também respeitá-las. “Os fabricantes garantem que as substâncias dos medicamentos fiquem íntegras e próprias para consumo até aquela data que está marcada na embalagem. Depois disso, a empresa não tem como se responsabilizar pelo que pode vir a acontecer caso o produto seja consumido”, explica.
Orçamento apertado
O reajuste também não foi visto com bons olhos pela aposentada Valda Medrado, de 62 anos, que gasta, em média, R$ 500 com medicamentos de pressão e colírios. “Eu não quero nem pensar ainda nesse aumento porque tem remédio que a gente não pode deixar de tomar, né? Então acaba tendo que pagar mais caro mesmo”, lamentou.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados na Bahia, Nilson Baía, qualquer correção pesa muito no bolso do aposentado. “Esse reajuste é uma perversidade. Com tudo mais caro, o cidadão vai acabar deixando de comprar remédios para continuar mantendo as despesas básicas, alimentação e as contas de água e luz, por exemplo”.
Para amenizar o custo dos medicamentos para os aposentados, Baía disse ainda que o Sindicato Nacional fechou uma parceria com algumas redes farmacêuticas para oferecer entre 20% e 40% de desconto em medicamentos para os associados.
Correio24H