Desde a última segunda-feira (16), cerca de doze alunos residentes estão ocupando o Campus XIV da Universidade Estadual da Bahia – UNEB, localizado em Conceição do Coité. O motivo da ocupação é reflexo da indignação dos estudantes diante da precaridade da residência universitária, que fica situada na rua Dom Pedro I, 24 A, na cidade de Coité. As aulas foram paralisadas após o Conselho do Departamento aprovar como legítimo o movimento estudantil e só retornarão com a saída dos residentes. Segundo os estudantes, o fim da ocupação depende do cumprimento das exigências encaminhadas à direção do Campus.
“Fizemos no último sábado (14), uma assembleia extraordinária na residência para pautar a questão de água, pois estávamos há dois dias sem água para as necessidades básicas, como cozinhar, tomar banho. Como descobrimos no próprio sábado que o problema não era mais a água e sim a bomba e só teríamos o conserto na segunda-feira (16), nesse momento fizemos uma autocrítica a nós mesmos, porque não conseguimos, mas despertou a necessidade de fazermos uma crítica à direção do departamento, que também deveria se encarregar de um papel como esse, não apenas de solucionar o problema da água como também de solicitar dos órgãos responsáveis os reparos emergenciais. Diante dessa indignação, resolvemos ocupar o Campus XIV na manhã de segunda-feira com pautas definidas”, disse Joanna Alcântara, coordenadora da casa.
O CN teve acesso a uma nota que detalha as condições exigidas pelos discentes, as quais algumas delas já foram solucionadas. Veja parte na íntegra:
- Conserto da bomba (resolvida no final da tarde de terça,18.)
- Conserto da parte elétrica do banheiro do 1º andar ( Uma visita do setor terceirizado e administrativo financeiro foi realizada, mas não teve outra solução que não fosse a burocracia. Ressaltamos que nesse banheiro a lâmpada está cheia de água desde fevereiro. Estamos aguardando a vinda de um representante da Pró-reitoria de Infraestrutura da UNEB nesta terça-feira (24)
- Compra de um botijão de gás e a aquisição de um reserva.
- Consertos simples dos reparos já solicitados em outros momentos- Em andamento, mas ainda não concluído.
- Resposta sobre o andamento de todos os processos de compra de móveis encaminhados pela residência
- Indicação de prioridade de construção de casa para nova gestão—Aguardo de documentação.
- Demarcação indicativos de resolução dos problemas de infiltração e eletricidade que tem causado situações de risco de morte para residentes- Aguardando a vinda de um representante da Pró-reitoria de Infraestrutura da UNEB nesta terça (24).
Os residentes afirmaram que sentiram uma resistência por parte da direção do Campus em reconhecer a legitimidade do movimento, que está sendo enquanto ocupação. “Uma nota pela direção foi divulgada marginalizando nosso movimento, mas nós que vivenciamos todos os dias as imprudências da manutenção da Uneb, sabemos o quanto a ocupação é legítima”, disse uma aluna. Os universitários estão recebendo colaborações para conseguirem permanecer no Campus até o final do movimento.
Segundo a coordenação da casa, existem quatro alunos residentes que estão em quadro depressivo e a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil- PRAES, já foi notificada. Porém o planejamento proposto demanda tempo. Alguns desses alunos procuraram o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, para uma consulta com psicólogos, porém ainda não conseguiram marcar com nenhum profissional.
O diretor Dejair Ferreira, que é sindicalista, disse ao Calila que reconhece a legitimidade do movimento. Ressalta que todos os movimentos são legítimos, porém alguns fatores como irresponsabilidade, coloca em risco essa legitimidade, mas destaca que não é o caso do movimento de ocupação que está acontecendo no Campus XIV.
Ciente que as aulas só retornarão com o cumprimento das exigências, o diretor afirma que a principal dificuldade de realizar a manutenção completa na residência dos estudantes é falta de empresas que participam do processo licitatório. “Não temos empresas em Conceição do Coité e região, que queiram participar do processo. Ás vezes por falta de interesse, outras por falta da documentação regularizada. Isso dificulta bastante, mas estamos trabalhando com prazo”, afirma Dejair. Segundo ele, boa parte dos reparos emergenciais já estão sendo realizados, além do problema da bomba e aquisição do botijão, que foi resolvido.
Thaise Ewbank