Considerado um dos instrumentos de crédito mais antigos do Brasil, o crediário tem se tornado um aliado dos consumidores. Conforme levantamento da MultiCrédito, o pagamento no carnê está longe de ser considerado coisa do passado: a procura pela modalidade aumentou 49% nos primeiros meses de 2016, comparado ao mesmo período no ano passado
“O crediário é uma presença constante na vida do brasileiro. Em um momento de crise, quando há um aumento na taxa de desemprego, ele se fortalece”, afirma Flávio Vaz Peralta, vice-presidente comercial da MultiCrédito.
Para o educador financeiro Arthur Lemos, uma das características do crediário é que ele atende ao público não-bancarizado. “O seu público-alvo são as pessoas que trabalham no mercado informal e que, mesmo sem ter renda comprovada, têm poder de compra”, explica.
Funcionamento
Peralta explica que a escolha da forma de pagamento depende das necessidades do consumidor. “Para utilizar o cartão, a pessoa deve ter um vínculo com algum banco. Já no carnê, é preciso comprovar a renda. Os dois têm lados positivos e negativos, tudo depende da sua realidade no momento da aquisição”.
Diferentemente dos cartões de débito e crédito, antes de aprovar a compra pelo carnê, a loja responsável faz uma análise completa do crédito do consumidor para checar se ele pode honrar o compromisso. É exatamente por isso que a pessoa interessada nessa modalidade não pode estar com o nome negativado.
O metalúrgico Justino Alves Neto acaba de comprar um sofá por R$ 3 mil parcelados em cinco vezes no carnê. “As taxas no cartão são muito altas e se você não pagar as parcelas em dia os juros são ainda maiores”, diz. Como ele estava com o nome limpo, a compra logo foi liberada.
Juros
É exatamente o risco de inadimplência que faz com que os juros se façam necessários no crediário. Na Bahia, 5,8% das pessoas que compram no carnê não cumprem os seus pagamentos em dia.
Por isso é importante analisar as taxas de juros antes de fechar o negócio para ver se o valor cabe no orçamento. Atualmente, a taxa média cobrada pelas lojas que têm crediário é de 4,98% ao mês.
Para o porteiro Robson Barbosa, que comprou um smartphone em 12 vezes no carnê, pagar no crediário já é um hábito. Nos últimos dez anos ele comprou diversos móveis para a casa da família.
“Assim que acabo de pagar uma coisa, começo a pagar a próxima. Já atingi meu limite no cartão, então o pagamento mais viável para mim é no carnê, mesmo as prestações sendo bem salgadas”, diz.
Correio24horas