A Bahia hoje é o quinto estado em número de ocorrências registradas de tráfico de pessoas, segundo dados do Ministério da Justiça. De julho deste ano até esta sexta-feira (23), mais de 20 pessoas foram atendidas pelo Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Bahia (Netp), vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). De acordo com a pasta, em um dos casos, 15 homens foram libertados do trabalho análogo ao escravo em uma obra no Pelourinho, pela qual recebiam R$ 50 por semana de trabalho e apenas o café da manhã.
A unidade do Netp foi instalada em julho na Rua Frei Vicente, no Pelourinho. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 (para casos de violações dos direitos humanos), pelo Disque 180 (para violência contra as mulheres) ou diretamente na sede do núcleo. O trabalho do núcleo é articulado com equipes da Polícia Federal, ministérios públicos Federal e Estadual e Tribunal de Justiça. “A rede constatou que o aliciamento para o tráfico de pessoas se dá geralmente em bairros periféricos. A maior parte das vítimas são mulheres de baixas renda e escolaridade, que são cooptadas com propostas de trabalho, para serem modelos, com a oferta de roupas, sapatos e dinheiro. Elas recebem a proposta de sair de suas comunidades para algo muito melhor, o que na realidade não acontece”, informou a coordenadora do Nept, Isaura Genoveva de Oliveira.
De acordo com a coordenadora, o tráfico de pessoas se desmembra para a exploração sexual e prostituição, para trabalho análogo escravo e para transplante de órgãos, além das mulheres que são levadas para fora do país com o objetivo de gerarem bebês que serão vendidos. “Eles [os aliciadores] abordam principalmente meninas de 15 a 19 anos, levam para fora do país e a primeira coisa que fazem é tomar o passaporte. É um tipo de atuação difícil de se desarticular, mas deve-se desconfiar de qualquer tipo de proposta de trabalho muito fácil”, alertou.
Bahia Notícias