A equipe de procuradores da Operação Lava Jato utilizou trechos de uma delação premiada cancelada e que por isso está ausente dos autos do processo para denunciar o ex-presidente Lula por lavagem de dinheiro e corrupção. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo de ontem, a força-tarefa incluiu na acusação uma afirmação que o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, fez enquanto ainda negociava acordo de delação premiada.
A proposta de colaboração não foi aceita pela Procuradoria-Geral da República (PRG), pois foi vazada à imprensa. No esboço apresentado à PGR, Pinheiro disse que pagou a reforma e a decoração do triplex no Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), com recursos de um caixa usado para repassar propina ao PT. O dinheiro seria desviado de obras superfaturadas na Petrobras.
O executivo afirmou, ainda, que o acerto havia sido feito com o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto. O tesoureiro e o empresário estão presos no Paraná e já foram condenados na Lava Jato. No documento em que oferece detalhes sobre o esquema de corrupção na estatal em troca de redução de pena, Pinheiro escreveu: “Ficou acertado com Vaccari que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras”.
De acordo com o jornal, em pelo menos sete trechos da denúncia os procuradores afirmam que Lula recebeu, de forma dissimulada, dinheiro dessa conta. No entanto, em nenhum momento é revelada a fonte da informação. Para advogados consultados pelo jornal, a acusação de que Lula era subornado com recursos de um caixa abastecido por desvios de contratos com a Petrobras seria fundamental para caracterizar o crime de corrupção. E um juiz só pode considerar provas e testemunhos que constem dos autos do processo
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