Em um mundo onde milhões de palavras são transmitidas por segundo, e quando as falas de hoje já não valerão tanto amanhã, o mês de setembro, dedicado à Bíblia, é uma oportunidade para que as pessoas possam lembrar que existem palavras que são eternas. Palavras que não passam. “As minhas palavras não passarão” (Mc 13,31).
Muitos tem medo de ler a Bíblia porque ela denuncia a opressão e a injustiça. Provoca mudanças nas pessoas e na sociedade. Aponta novos caminhos de justiça e fraternidade. Julga os desejos e os pensamentos de corações humanos. Não há nada que se possa esconder da Palavra de Deus. Ela indica quem somos, o que devemos fazer, para onde vamos e para que vivemos.
Todos temos fome e sede da Palavra de Deus. “Eis que vem o dia em que enviarei uma grande fome e sede sobre a terra. Não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas fome e sede de escutar a Palavra de Deus”. (Am 8,11). Deus continua falando hoje, à nossa vida pessoal, familiar, comunitária e política através da Bíblia. A Palavra de Deus orienta a vida humana como um verdadeiro “manual” para a felicidade.
É preciso ler a Bíblia da mesma maneira como foi escrita: pela ação do Espírito Santo. Mais do que entender, é precisamos confiar. Nenhuma voz humana atinge profundamente o homem como a Palavra de Deus. Ela traz, em cada página a presença de Deus. Por isso, afirmamos que tem poder.
Portanto, se queremos saber o que Deus nos fala é necessário reservar, todos os dias, tempo para ler a Bíblia. Antes de sentar no sofá e pegar o controle remoto para “escolher” um programa na TV, ou ligar o computador, celular, tablet, pockemon… é preciso decidir buscar “as palavras que não passam”. “Ligar-se” na Palavra de Deus é um desafio atual e urgente para que as pessoas possam comunicar-se melhor consigo mesmo, com a família, com os amigos e a própria natureza.
Andamos sempre à procura de respostas. Quando rezamos, nós falamos a Deus; quando lemos a Bíblia é o próprio Deus quem fala e responde aos nossos questionamentos. Paulo apóstolo escreveu a seu discípulo Timóteo: “Toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda a boa obra” (2Tim 3,15).
+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito